079 A Cura Emocional da Gestação à Juventude

A Cura Emocional da Gestação à Juventude


Por: Pe. Rufus Pereira

Antes de começarmos a segunda sessão desta manhã, eu quero enfatizar a importância dacanção e da música na vida das pessoas. Desde o meu envolvimento inicial com a renovação, eu fui sempre convencido de que a música é uma grande forma de evangelização. E o papa presente - Bento XVI - tem repetido a mesma coisa: para que usamos a música para evangelizar.
E você sabe o que diz o livro do apocalipse: o que faremos no céu?
Às vezes as pessoas pensam: “o que é que a gente vai ficar fazendo no céu? Vai ser tão chato...”
E uma das coisas que o livro do apocalipse nos revela é que uma das coisas que nós estaremos fazendo no céu será cantar e louvar. Então no paraíso nós teremos um grupo de oração sem fim, um grupo de oração carismática sem fim. (aplausos)
Então, se eu for passar a eternidade num grupo de oração cantando e louvando ao Senhor, então nós temos que nos preparar fazendo a lição de casa aqui na Terra. Então cada grupo de oração é como uma pequena amostra do que teremos no paraíso. E é tão importante ter um grupo de música de cantores tão bons como nós temos aqui, então nós vamos aplaudir os nossos músicos. (aplausos)
Por muitos anos quando começamos a renovação carismática eu conduzia os grupos de oração com a minha sanfona. Portanto, antes da pregação eu mesmo conduzia as pessoas no louvor cantando e tocando a minha sanfona. Mas depois que chegaram os teclados eletrônicos eu parei de levar a minha sanfona no grupo de oração. (risos da platéia)

A segunda doença emocional: o sentimento de inferioridade
[Nota do editor da transcrição: a primeira doença emocional é o sentimento de ser rejeitado pelas pessoas de quem supomos ter o direito de sermos amados. Segundo o Padre Rufus, Jesus sofreu muito mais pelo sentimento de rejeição dos seus, principalmente quando crucificado, do que pela dor da crucificação. O sofrimento moral da humilhação de ser crucificado, nu, abandonado pelos seus apóstolos, negado por outros e até mesmo traído por um deles]
Para continuar então o que nós dissemos hoje de manhã, o segundo estágio da nossa vida que precisa de cura interior, a segunda área que precisamos de cura é quando temos os nossos sentimentos de inferioridade.
É a segunda doença emocional que todos nós temos.
E isso é por causa de comparação que às vezes são feitas conosco pelos nossos pais, quando ouvimos as pessoas dizer você não é "tão bela", ou "forte" ou "bonito" como seu irmão ou sua irmã. E a pessoa pode desenvolver um grande sentimento de inferioridade por causa disso.
E o que é que a bíblia diz? Na bíblia existe uma resposta para cada problema que nós temos. Quando nós temos sentimentos de rejeição, quando sentimos que ninguém nos ama... quantas vezes eu vi isso, sendo dito por jovens dizendo “ninguém me ama”.
Nós tivemos, como ontem, a palavra de Deus a partir da bíblia, quando Deus mesmo de diz: “pode a mãe esquecer o seu filho?” Mas mesmo que ela esquecesse Deus disse: “eu nunca, nunca me esquecerei [de você], eu estou sempre pensando em você, você está sempre nos meus pensamentos”
Não existe outra religião que diz isso exceto o Cristianismo. Aplauda o Senhor por isso. (aplausos)
E também nós podemos ser feridos com sentimentos de inferioridade, como quando nós mesmos acabamos nos comparando com outras pessoas. Lembre-se do que Deus diz, quando lemos no primeiro capítulo de Genesis algo que está ali que deveria fazer com que nós não tivermos nenhum sentimento de inferioridade, quando lemos que Deus nos fez à sua imagem e semelhança, portanto nós somos reflexo do próprio Deus. Somos como que réplicas do próprio Deus. Como podemos ter sentimentos de inferioridade, Se somos como Deus?
E isso está na bíblia exatamente no primeiro capítulo do primeiro livro.

A terceira doença emocional: sentimento de culpa
E também podemos ser feridos pelo sentimentos de culpa, especialmente quando a gente sente que Deus vai nos punir porque não fizemos o bem na nossa vida. Quando eu olho para minha vida passada e vejo quantos erros que eu cometi, eu sinto que Deus vai me punir, que eu serei mandado para o inferno, e a carga e o peso da culpa podem ser um peso terrível. E isso, com freqüência, atingem padres, religiosos, freiras, porque eles sentem que não conseguiram atingir o padrão de Deus.
E sabemos o que a bíblia diz: que mesmo sabendo que satanás está nos acusando dia e noite perante Deus, nós temos a linda a promessa de São Paulo, que nosso senhor Jesus Cristo diz: nós não temos nenhuma condenação.

Jesus não veio para nos condenar, mas para perdoar e salvar. E isto é cristianismo: nós temos um Deus que nos ama tanto! Isto é cristianismo! Nós temos um Deus que nos ama tanto que, como ele diz na profecia de Jeremias capítulo 31 versículo 34, não esqueça esse versículo, veja o que Deus disse, somente uma frase: "eu perdoarei os pecados dos meus filhos". Deus nos olha como crianças e as crianças cometem erros, mas o Pai continua amando aquela criança e as crianças acreditam e tem esperança no amor do pai. E por isso Deus diz: “eu vou perdoar os pecados dos meus filhos”. Nos olhos de Deus nós não somos adultos, mas somos crianças e “eu vou perdoar os pecados dos meus filhos e não mais me lembrarei do que fizeram”. Quando Deus perdoa, ele também esquece. Amém (aplausos)
Essa senhora aqui do Paraguai está sempre aplaudindo mais forte do que todos. (aplausos) Você [dirigindo-se à senhora] pode dizer ao seu presidente que eu ouvi dizer que ele não está muito bem de saúde e que eu estou rezando por ele. (aplausos) E à medida que eu dou esta pregação eu queria que vocês também rezassem pelo presidente do Paraguai, que também rezem também pela Érika, que é a minha secretária, que poderia estar nos ajudando aqui, mas ela não pôde vir aqui, e rezarem também por esses dois ou três casos difíceis que estão sendo tratados [sobre tratamentos dados na Canção Nova, quando Pe. Rufus atende casos difíceis de possessão e opressão].

Quarta doença emocional: o medo
E temos também o problema da doença emocional do medo. Todos nós temos medo, alguns tem pequenos medos, alguns tem grandes medos. E às vezes a gente coloca medo nas outras pessoas. Às vezes os filhos têm medo dos pais, especialmente do pai, e o que é que a bíblia diz?
É muito importante que sempre que Deus se revela ao seu povo, com freqüência as suas primeiras palavras são “não tenha medo", "nada temais”.
Deus também deu esta mensagem para o anjo Gabriel para que trouxesse Maria “não temais”. É o que Jesus disse aos seus apóstolos: “não tenha mais medo”. Porque não pode existir na mesma pessoa medo e fé, porque se a pessoa tem medo, então é sinal que a pessoa não tem muita fé, mas se você tem uma fé forte, você não vai ter medo de nada.
Deus é um Deus que não nos quer vivendo com medos. Mesmo se a gente estiver longe  dele e ele está esperando que voltemos. Ele está nos esperando [para] receber com seu abraço de amor. E o sinal visível na história do filho pródigo, é sacramento da reconciliação.
E eu vou dar um ou dois exemplos de como Deus quer que nós sejamos libertos de todo tipo de medo.

Medo do outro
Eu estava dando um retiro para uma comunidade de irmãs. E todas irmãs vinham até mim para receber aconselhamento. E qual era o problema delas? Eu estou contando essa história especialmente para as irmãzinhas que estão por aí, mas também para todos nós.
Então, esse retiro eu estava dando para uma comunidade de irmãs. E à medida que [as irmãs] uma a uma vieram até mim para aconselhamento, todas elas tinham um problema em comum: elas tinham muito medo da madre superiora. E eu pensei: “espero que a madre superiora venha também se aconselhar comigo pelo menos até o final do retiro”. E no último dia  ela veio até mim para receber aconselhamento. E qual era o programa dela?  Ela me contou o problema dela: que ela tinha um grande medo de todas as irmãzinhas. (risos e aplausos na platéia)
Imaginem essa comunidade, as irmãs com medo da madre superiora e a superiora com medo das irmãs...
Quem está feliz? Satanás está feliz! Ele está colocando medo em cada um de nós, estamos fazendo o trabalho dele, estamos idolatrando ele. E Deus não quer que nós vivamos com medo. Por isso esse é o quarto problema emocional, peso emocional que todos nós temos.
Agora continuando o que eu comecei esta manhã sobre como encontrar as causas-raiz, as causas profundas, eu disse que as causas de raiz podem estar nos quatro estágios da nossa vida. E dei um exemplo de como o medo pode chegar até nós quando estamos ainda no ventre de nossa mãe.

Medo no ventre de uma mãe no Japão
É bom que as mães que estão grávidas, cada dia coloquem a sua mão sobre o seu ventre e reze pelo seu filho que está no ventre. Com freqüência o medo pode acontecer quando a mãe teve desejo de abortar.
Quando eu estava dando um retiro para os bispos e padres do Japão, eu visitei as irmãs de madre Teresa, que estavam conduzindo uma casa para mães solteiras. E a madre superiora me disse que houve uma mulher que foi admitida na casa e que queria ter abortado seu filho. E as madres convenceram ela que permitisse que a criança nascesse, que elas cuidariam do bebê, adotariam o bebê.
Então ela estava hospedada na casa para mães solteiras e as irmãs me contaram que ela era um problema para todos. Para as outras internas e para as irmãs também. E elas disseram “padre queremos que o senhor reze somente por ela”.
E então eu rezei por ela ali no convento, por ela e pelo bebê, e depois eu fui para tomar um almoço com as irmãs. E depois do almoço eu voltei para aquele local e a mulher ainda estava lá. E eu disse para ela: “mas eu já rezei por você”. Aí ela disse: “mas padre, no momento em que o senhor rezou por mim e pelo bebê que estava no meu ventre, o bebê está o tempo todo chutando”. Normalmente os filhos chutam as suas mães depois de nascer. Esse é um caso em que o bebê estava chutando a mãe antes de nascer, então o que fazer? E eu disse para a mãe, para essa senhora:
- Você sabe por que o seu filho está te chutando? Por que você quis abortá-lo, você quis matá-lo. Ele está com raiva de você, ele está chutando você.
Eu disse para ela:
- Agora você peça perdão para o seu filho que está no seu ventre.
E ela fez uma linda oração, conversando com aquele bebe que antes tinha querido matar. E ela começou a dizer:
- Meu filho me perdoe, eu pensei errado, eu te amo.
Então eu perguntei para ela:
- Então como você se sente?
E ela disse:
- Padre, o bebê está dormindo agora, o bebê está dormindo. (aplausos)
Com freqüência os milagres não são milagres físicos, mas são milhares de profundas curas emocionais.

O terceiro estágio da vida: infância
[o primeiro estágio é a vida intra-uterina e o segundo o momento do nascimento, visto em outras palestras. Esta palestra é uma continuação]
O terceiro estágio da vida em que precisamos de cura interior é o tempo da nossa infância, da nossa juventude. O período em que mais somos impregnados na nossa vida é quando somos crianças pequenas, [quando] somos abertos a todo tipo de influência de fora, na nossa inocência. E podemos absorver tanto boas experiências como, infelizmente, também más experiências.
Por isso é importante que os pais cuidem das crianças quando são pequenas e quando estão na infância.
É quando damos retiro para casais, uma das coisas que eu digo aos casais que são pais de crianças ou de jovens, é que é muito importante que vocês cuidem dos seus filhos da mesma maneira que José e Maria cuidaram de Jesus. Deus é que te colocou nesse encargo de ser pai, e eu digo a eles duas coisas que eu aprendi da minha própria mãe.
Primeiro cuidado: obter a confiança dos filhos
Primeiro, obtenham a confiança dos seus filhos de modo que eles te falem tudo. Se eles disserem algo e vocês ficarem bravos com eles, eles não vão mais contar as coisas e isso pode ser perigoso para eles.
Se eles fazem alguma coisa errada não simplesmente briguem, mas expliquem com cuidado. Eu estou me dirigindo aos pais, ou seja, que é importante que vocês obtenham dos filhos uma confiança tal que eles possam contar tudo a vocês. E essa é a melhor cura interior que vocês podem dar para eles.
Segundo cuidado: estar presente em todas as situações
A segunda coisa que a minha mãe costumava fazer, a minha mãe estava sempre presente em todos as situações. Ela às vezes não nos deixava nem mesmo ser cuidadas pelo tio, pela tia ou pelo avô. Ela estava presente ou não estava muito longe. Ela não nos confiava a ninguém.
Nesses dias de hoje nós vemos tanta coisa ruim sendo feita com crianças, uma epidemia do abuso sexual de crianças. Assim eu percebo o quanto minha mãe foi sábia. Não confie seus filhos a ninguém, sempre mantenha os olhos neles e que eles não fiquem muito longe de vocês. (aplausos)
Por isso que eu não tive problema nenhum na minha infância.
Terceiro cuidado: com as comidas e bebidas – abençoe-as antes de consumir
E em terceira eu também digo aos pais: “tenha cuidado com aquilo que seu filho come”.
Minha mãe não nos deixava comer nada nem que fosse dado por nossos tios ou nossos parentes mais distantes se ela não estivesse por perto. Ela sabia tudo o que a gente comia.
E eu vejo como tudo isso é importante. Porque quantos casos eu tenho visto aqui no Brasil e em vários lugares, de tanto mal feito às pessoas por coisas que foram dados por tios ou parentes ou por alguém para uma pessoa comer ou beber.
Eu não estou dizendo para você desconfiar de tudo mundo, mas para ficar alerta. Para que os seus filhos não passem por essas experiências, por sofrimentos que tantos estão passando.
E ela sempre nos disse quando éramos crianças, “nunca beba ou tome nada sem antes abençoar ou dizer uma oração breve antes de comer”.
E agora eu vejo o quanto essa a orientação era sábia.
Então vocês devem dizer aos seus filhos para nunca comer ou beber nada sem antes abençoar ou dizer uma ação de graças.
Eu tenho visto tanto mal sendo feito no Brasil desta maneira, como a história que eu contei para vocês esta manhã.
A terceira época da nossa vida que precisa de cura interior é nossa infância e adolescência e juventude, quando a criança é como um pano absorvente que absorve todo tipo de influência tanto boa como má.
Para dar um exemplo, uma das grandes dores que uma criança pode passar é a perda dos pais. Quando a criança, por exemplo, perdeu a mãe, quando era muito jovem, muito pequena. A perda pessoal pode ser um peso terrível e somente uma oração de cura pode curar essa pessoas, ou talvez o pai morreu quando a criança era muito pequena e ficou sem o amor do pai.
Com freqüência tenho visto esse fenômeno principalmente acontecendo na Inglaterra, da criança que tem somente o pai ou a mãe e hoje tem se tornado mais uma regra do que exceção. Quantas crianças estão vivendo somente com um dos pais? A mãe ou pai foi viver com outra família ou com outro homem ou com outra mulher e o prejuízo naquela criança é irreparável. Por que?

Todo menino precisa de uma mãe e toda a menina precisa de um pai
E é isso que estou querendo dizer para vocês, a partir da minha experiência de mais de 35 anos [atendendo as pessoas, jovens ou adultos] digo: todo o menino precisa de uma mãe e toda menina precisa de um pai.
Cada um precisa do pai e da mãe e qualquer outra coisa que vem diferente disso não é de Deus, é do demônio. (aplausos)
Ou talvez às vezes o pai está ausente ou está trabalhando no exterior, e o pai acaba sendo como que um estranho. Um jovem me disse que estava obtendo um emprego, ele era meu paroquiano em Bombaim, e ele iria conseguir esse emprego com um grande salário e de me perguntou o que ele deveria fazer.
Eu falei: “você tem duas escolhas: vá para outro país atrás de um grande salário ou permaneça em Bombaim com salário menor, com emprego mais simples”, mas mais perto da família. E no dia seguinte ele me disse que tomou a decisão, ele disse: “meus filhos são mais importantes do que o dinheiro” e eles são uma família feliz agora. (aplausos)
Ou pode ser que o pai seja violento ou alcoólatra. Em todos os países que tenho estado no mundo, a maior dor que os filhos tem sofrido, incluindo o Brasil, é ter um pai que é violento e alcoólatra. E os filhos vivem sob o medo, e isto é o maior prejuízo ocasionado aos filhos no mundo inteiro. E infelizmente hoje o pai que é alcoólatra é mais regra do que exceção.
E se torna pior quando o pai decide deixar a família por causa de que outra mulher. A gente não fala sobre esses problemas para todos e às vezes só vem para a gente conhecer o problema numa confissão ou numa abertura de coração. O sofrimento que essa criança tem é terrível.
E também o sofrimento pode acontecer quando essa criança é abusada sexualmente por um estranho ou por um membro da família, ou pior ainda, por uma pessoa constituída de autoridade como um professor, um médico, um tio ou um padre, e até pior, pelo seu próprio pai. Esse prejuízo pode destruir a vida da pessoa para sempre.
Isso, com freqüência, leva a pessoa a hábitos compulsivos, como talvez a masturbação, e isso leva às vezes a mulher a ter medo do homem, a ter aversão ao sexo, mesmo que sejam casados. O casamento é somente para manter a aparência, não estão vivendo de uma forma agradável o casamento. E eles não vou dizer esses problemas para ninguém, às vezes nem mesmo para o padre na confissão, mas para quando vêm para fazer um retiro de cura interior com a gente, vão deixar esse problema vir à tona.
Por isso nós precisamos de cura, do momento em que nascemos até o momento que entramos na juventude. Quantos jovens têm me dito quando pergunto “qual é seu problema e porque você quer que eu reze” eles me dizem duas coisas: “Eu não tenho amigos, eu não tenho amigos” (uma mulher grita no fundo)
E nós podemos às vezes rir de uma a situação dessas, mas se a pessoa não tem amigos ela está sofrendo.
Ou talvez o jovem [tenha] muito medo, tem medo de fazer exames, tem medo das pessoas que exercem a autoridade, vivem a sua infância e adolescência no medo. E não vão contar isso a ninguém. E só vão dizer quando participam de um encontro como esse e  tem esperança e vêem nessa esperança a solução de seus problemas. Então esse é o terceiro estágio que precisa de cura, que como eu vou dizer também amanhã, também precisa de libertação.

Caso: o menino da lanterna
Eu estava dando um encontro numa antiga colônia portuguesa na Índia, eu estava falando em inglês e eu estava sendo traduzido para o português, porque todas aquelas pessoas conheciam português, não conheciam o inglês.
Então uma família me pediu que eu fosse para casa deles para que eu rezasse pelo seu filho. Qual era o problema com aquele filho? Ele tinha, talvez, onze ou doze anos de idade e eles me contaram que já faziam dois meses que ele estava na cama, muito doente e os médicos vinha dia sim e dia não, mas os médicos não conseguiam curá-lo. Não sabiam nem mesmo as razões da sua doença e ele não estava somente deitado na sua cama doente, mas estava sentido muito medo.
Por quê? (a mulher continua gritando ao fundo)
Porque ele estava sempre deitado na cama com uma lanterna, uma lanterna que ficava todo o tempo acesa, mesmo durante o dia. Já viu alguém dormir durante o dia com uma lanterna acesa? E é esse tipo de coisas que não acontece em lugar nenhum.
E ali estava aquele jovem deitado na cama, acordado, mas com a lanterna acesa. E eu disse para a família: “bom, tragam ele para a igreja” onde estava fazendo o retiro. No último dia do retiro eles conseguiram trazer o rapaz e aí eu perguntei à família duas coisas. (a mulher continua gritando no fundo e chorando)
As mesmas perguntas que eu tenho feito para vocês esta manhã.
- Quando é que começou esse problema? Quando é que ele ficou tão doente que acabou ficando de cama? 
(ouvem-se gritos)
Eles me disseram:
- Já faz muito tempo, cerca de dois meses atrás.
Eu disse:
- Eu preciso saber o dia exato que começou e que horas ele caiu na cama e desde então não saiu mais da cama.
E eles disseram:
- Nós não nos lembramos.
Aí então a irmã disse:
- Eu lembro, estou lembrando, foi num sábado à noite, eu me lembro que meu irmão  foi para a cama e ficou na cama desde aquele momento.
Então eu tinha a resposta para a minha primeira pergunta, então eu fiz a segunda pergunta.
- Você se lembra de alguma coisa que possa ter acontecido naquele sábado à noite que possa estar relacionado, possa ter causado aquele problema? 
(os gritos continuam)
E eles disseram:
- Nós não nos lembramos.
Mas aí outra irmãzinha disse:
- Agora eu me lembro. Morreu uma pessoa na nossa vizinhança e nós todos fomos lá no velório e, aliás fomos ver a pessoa que tinha morrido que estava a enforcada.
Foi um caso de suicídio.
(os gritos continuam)
Quando eu vejo as pessoas assim sendo levadas [ajudantes retiram a mulher que está gritando], você então percebe por que é que Jesus foi a todos os lugares, como são Pedro diz à família de Cornélius, o centurião, numa frase que Pedro falou do ministério de Jesus. Dos atos dos apóstolos, capítulo 10, versículo 38. Não esqueçam deste, veja o que Pedro disse em apenas uma frase: Jesus ficou cheio com o Espírito Santo e por isso Jesus foi a todos lugares fazendo o bem. (aplausos)
Esse é o nosso Jesus.
Por isso, cheio do Espírito Santo, Jesus foi a toda a parte fazendo o bem. Esse era o seu ministério, fazer o bem em toda parte, não fazer o mal, não matar as pessoas, não promovendo o aborto e outras coisas mais.
E ele foi a toda parte fazendo o bem, e que bem foi esse?  Curando todos aqueles que estavam sob o poder de satanás. Só isso, somente isso! Curando todos aqueles que estavam sob o poder de satanás. Eu com freqüência digo aos padres, nos retiros de padres, que nós estamos fazendo todo o resto menos aquilo que Jesus fez, ou seja curando as pessoas que estão sob o poder de satanás. (aplausos)
E São Pedro conclui: por que?  Porque Deus estava com ele. Deus estava com ele.
Essa deve ser não somente a tarefa de Jesus mas a tarefa de cada padre, cada bispo, em qualquer lugar do mundo.
Então, para continuar a história, então aquela irmãzinha, a garota, me disse que, há dois meses atrás, naquela noite de sábado, morreu uma pessoa enforcada e todo mundo foi ver aquela pessoa ainda pendurada, na cozinha pendurada, enforcada.
Então eu olhei para aquele garoto e eu perguntei para ele:
Mesmo de dia o menino
ficava com a lanterna acesa
- Você também foi ver aquele homem enforcado?
E ele disse:
- Sim.
- E o que aconteceu? - perguntei.
- Eu fiquei com medo. Eu fiquei com medo...
E aí ele foi para a cama e ficou ali na cama por dois meses. E agora eu sabia quando aconteceu, sabia a causa do seu medo e o que fez com que ele ficasse na cama por mais dois meses e nenhum médico ou psiquiatra poderia curá-lo. Então eu fiz uma oração, uma oração curta, de uma só frase. Eu não tenho tempo de fazer a oração de duas frases.
- Senhor Jesus - eu disse - volta por favor na vida deste jovem e liberta-o do medo que entrou em seu coração quando ele viu aquela pessoa enforcada.
E eu rezei pela cura interior:
- Liberta-o do medo que entrou no seu coração quando ele viu aquele corpo pendurado e liberta-o - e agora fiz uma coração de libertação - e liberta-o do espírito do mal do suicídio que pôde entrar nele neste momento.
Uma oração de uma frase. Eu não tenho tempo de fazer orações muito longas e Deus não tem tempo de ficar ouvindo orações muito longas. (aplausos)
Qual foi o resultado?  O menino ficou tão curado que ele nunca mais voltou a ficar doente e não voltou para a cama exceto de noite e não precisou mais da lanterna acesa. Agora aplauda o Senhor. (aplausos)
O Senhor nos chama, tanto padres, como leigos a não fazer coisas muito grandes mas coisas muito pequenas como essas, e ajudar pessoas que tenham pequenos problemas  mas que tenham problemas que afetem demais as suas vidas.

Quarto estágio da vida: juventude
E, finalmente, o último período da nossa vida que precisa de cura interior é o período da nossa juventude, especialmente no campo da nossa sexualidade, especialmente na área das nossas frustrações, quando eu não consigo fazer o que me é solicitado fazer, ou um emprego, quando não consigo ter um emprego que gostaria de ter, quando eu sinto que tomei uma decisão errada no meu estudo ou no meu estado presente de vida, ou talvez eu casei com alguém que agora eu percebo que não deveria ter casado.
E o Senhor pode trazer cura nesse importante estágio da nossa vida, nossa juventude e no nosso estado de vida presente.
Então eu quero terminar então com uma última história para ilustrar o quanto isso é importante. Isso vai ilustrar tanto a questão da cura interior quanto da libertação porque ambas caminham juntas.

Um caso de libertação das drogas
Estava dando um retiro na minha paróquia lá em Bombaim, eu estava pregando um sermão, uma homilia, e depois disso eu fui para a sacristia e um jovem queria encontrar-se comigo. Ele se apresentou e ele me contou de qual família ele vinha: uma das famílias mais importantes católicas de Bombaim. Seu tio era um padre, o seu pai era responsável pela sociedade São Vicente de Paula e seu irmão mais velho era presidente do conselho paroquial.
Mas, infelizmente, ele era tido como a ovelha negra da família, e ele me disse que tinha se tornado um viciado em drogas, então ele me disse porque é que ele veio me ver. Eu costumava vê-lo, às vezes, nas missas no domingo, ficando do lado de fora da igreja e quando eu começava a pregação ele pegava o seu cigarro para fumar lá fora e olhar para mim.
E eu então ficava me perguntando "por que é que ele veio?". Então ele me disse que ele estava voltando à cidade depois de tomar uma dose de heroína e, quando ele estava chegando a sua casa, que fica perto da nossa paróquia, o táxi parou em frente à porta da paróquia, sem razão alguma. O motor do carro parou.
Agora, olhando, eu sei que foi Deus que fez isso.
Enquanto ele estava pagando táxi, sem querer ele ouviu através do sistema de alto-falantes as palavras do pregador, que era eu que estava pregando, e ele ouviu essas palavras:
“Não existe problema algum que Deus não possa resolver na vida da pessoa, se a pessoa entregar esse problema a Deus"
Foi o que ele ouviu. (aplausos)
Então eu disse para ele, e ele então me disse essas palavras e ouvindo essas palavras ele entrou na igreja, pela primeira vez, depois de muitos anos, e ficou lá atrás. E depois que terminou a missa, ele veio se encontrar comigo na sacristia e ele disse:
- Padre é verdade isso que o senhor disse?  Que não existe problema que a gente tenha que Deus não possa tirar da gente se a gente se entregar para o Senhor? 
Eu disse:
- Sim filho, isto é verdade.
E eu perguntei:
- E qual é o seu problema? 
E ele me disse:
- Padre, eu sou viciado em drogas, tenho sido viciado em drogas por dez anos. Já fui, fui hospitalizado três vezes, já vi três dos meus melhores amigos drogados morrerem no meu colo. E eu sei que este vai ser o meu fim também.
Então ele clamou para mim:
- Padre, não tem esperança para mim? (o padre fala alto, como que se estivesse desesperado)
Com certeza eu me lembro bem daquelas palavras e eu disse para ele:
- Filho, se você fosse a única pessoa no mundo com um problema como esse, Jesus teria morrido na cruz somente por você. (aplausos)
Essas palavras tão simples, uma única frase que havia tocado profundamente o seu coração e ele fez uma confissão sincera e completa de sua vida.
O ponto de início de uma vida nova é ouvir a palavra de Deus que nos conduz ao arrependimento.
Eu fui depois convidado a rezar por alguém numa clínica de tratamento psiquiátrico e eu fui lá e eu percebi depois que eu tinha sido chamado para rezar justamente por esse jovem. Os pais não sabiam que esse jovem era viciado. Mas, depois de se encontrar comigo, ele contou para os pais que o internaram numa clínica psiquiátrica.
Então quando eu fui lá, os seus pais estavam lá e também a sua namorada estava lá, estavam ao lado dele. Eu soube depois o que os pais disseram a ele quando souberam do seu vício, o que os pais disseram a ele quando souberam do seu vício:
- Filho, não se preocupe, nós vamos estar com você.
Ele ainda chegava a roubar dinheiro dos pais para as drogas. E eles disseram:
- Nós vamos pagar suas contas, mas nós queremos ficar ao seu lado.
Daí eu rezei por ele quando ele se ajoelhou na clínica e quando ele se levantou ele olhou para mim e disse:
- Eu estou curado.
E sabendo como um viciado de drogas fala sem pensar, eu disse:
- Sim, o Senhor vai curar você, no seu tempo.
E eu pensava “talvez nunca”.
Mas ele se virou para sua mãe e falou:
- Mamãe, eu sei que eu estou curado.
Novamente eu disse, eu gosto dos de Tomé, eu disse:
- O senhor vai curá-lo no seu tempo.
“Que talvez seja nunca” pensei...
E Deus me mostrou que estava errado, que quando eu fui para o meu grupo de oração depois de duas semanas, eu me surpreendi ao vê-lo na primeira fileira, na primeira fila do grupo de oração, levantando as mãos louvando ao Senhor. Eu disse:
- Senhor, eu não sei o que o Senhor fez, mas fez um bom trabalho. (aplausos)
Mas o Senhor fez algum trabalho bom aqui. E depois daquele grupo de oração ele veio a mim e disse somente duas palavras: “obrigado padre!”.
Então ele voltou para me ver, para receber a confissão e para oração e depois um dia disse:
- Padre, os outros viciados de drogas têm me procurado. E estão me dizendo: “se você, que era o maior viciado de drogas da Índia conseguiu sair dessa, então tem esperança para nós”.
Então ele perguntou:
- Padre, nós podemos começar alguma coisa para ajudá-los?
E aí, ajudados por Érika, nós começamos a primeira casa de reabilitação de viciados em drogas na Índia na Renovação Carismática. (aplausos)
E três anos atrás celebramos o jubileu de prata, de 25 anos, que se tornou um centro com agências em toda a Índia.
Quando eu olho para trás eu digo para mim mesmo:
“Que o grande milagre pode ser, uma simples oração de cura interior, de uma simples oração de libertação, se o pior viciado da Índia pode se tornar o fundador do primeiro Centro de Reabilitação Católica da Índia!” Amém. (aplausos)



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