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Ladrão e ladrões
Apresentadora - Mais um episódio de violência termina mal em São Paulo.
Apresentador - Um ladrão rouba uma farmácia e a situação sai no controle do bandido. Tudo foi filmado por câmeras de segurança. Mais detalhes com o repórter Anderson Freitas.
Anderson - As imagens que você vai ter agora são impressionantes: um homem para um carro em frente a uma farmácia e desce do veículo. Fora do alcance das câmeras, ele vai assaltar uma farmácia bem em frente ao lugar onde o carro estava estacionado. Enquanto o assaltante que estava fora, uma surpresa: outro homem aparece e rouba o carro do ladrão. Quando o assaltante volta o seu carro não está mais lá. O bandido olha de um lado para outro sem acreditar que seu carro foi roubado. Enquanto procurava seu carro, outro homem chega e assalta o assaltante que fica sem nada. Inconformado com o roubo do carro, o bandido vem até esta delegacia para prestar queixa, mas, chegando aqui, ele acabou encontrando o dono da farmácia que ele havia acabado de assaltar. O bandido foi preso na hora. Maurício Ferro, o Bagulhinho, diz que ficou impressionado com a violência.
Bagulhinho - Ô mano, eu tô... hoje em dia a violência tá tanta que cê sai para assaltar e volta mais pobre ainda. A gente não pode nem levar a vida desonestamente, tá me entendendo? Roubaram o meu carro novinho.
Anderson - Mas me diz uma coisa: você tinha acabado de comprar o carro? É isso?
Bagulhinho - Comprar? Comprar o quê, doutor? Comprei nada, não. Eu roubei o carro ontem mesmo. O carro ia fazer um dia comigo. O carro tava novinho, irmão! Isso daí é pro senhor ver aí como é que tão as coisas, tá ligado? A malandragem aí - ó - os cara não deixa nem a gente usufruir aquilo que a gente tem em cima do nosso suor. Êh, esse bagulho não é maneiro, não, doutor.
Anderson - Mas, espera aí: se o carro não era seu, você está reclamando, dando queixa de quê?
Bagulhinho - Ué! Do assalto em cima do meu assalto! Isso é falta de respeito, senhor! Êh!
Anderson - Então o dinheiro também não era seu?
Bagulhinho - E como que não era meu, senhor? Êh! O dinheiro era meu, sim. O dinheiro era meu, pô! Eu roubei, é meu! É fruto da minha falta de emprego, pô!
(fim da reportagem)
Comentários sobre este episódio a luz de reflexões baseado no nosso entendimento pessoal das palestras do padre Rufus
Veja a palestra-base para nossa reflexão:
http://www.padrerufus.net.br/2013/03/cura-interior.html
Veja a palestra-base para nossa reflexão:
http://www.padrerufus.net.br/2013/03/cura-interior.html
Num primeiro momento esta reportagem parece ser bastante engraçada e inofensiva. Entretanto não nos devemos enganar quanto às intenções do inimigo.
Posso imaginar o tremendo sofrimento emocional dessa pessoa que hoje está presa e que deve estar sendo alvo de muita brincadeira por parte de seus conhecidos, colegas de cela, policiais, e mesmo de nós mesmos, que enfim acabamos dando risadas até mesmo um pouco crueis de suas declarações.
Entretanto devemos refletir o seguinte: baseado na caridade, baseado no sentimento que devemos ter de amor ao próximo, mesmo que esse próximo seja considerado por nós um mau elemento, precisamos orar para quê?
Primeiro: orar louvando ao Senhor porque pudemos ter tido acesso a essa notícia que nos dá a oportunidade de refletir sobre o caso à luz dos ensinamentos do padre Rufus que nos apresentam os ensinamentos de Jesus.
Segundo: devemos orar também pelas pessoas que tinham sido assaltadas, que certamente passaram por um estresse, um trauma emocional. Sentimento de raiva, frustração, tristeza, podem ter afetado os seus corpos de forma ainda desconhecida. Esses sentimentos negativos, compreensíveis, são totalmente humanos, mas trazem conseqüências a médio e longo prazos ao corpo. Então é necessário que essas pessoas perdoem esse ladrão.
Terceiro: devemos orar pela pessoa que cometeu esse erro, Maurício Ferro, encomendando esse nome ao Espírito Santo. E pelo que deveríamos exatamente rezar por ele? Pela cura interior. E depois pela libertação.
A cura interior, no caso do Maurício, poderia se iniciar pela cura de seus ferimentos emocionais recentes, ou seja, o seu posicionamento perante o mundo. Ele realmente acredita que roubar é um trabalho, um modo, apesar de desonesto, um modo de vida. Qual é a sua situação pessoal? Qual era o momento de sua vida? E quais são as causas profundas dessa situação?
Devemos então partir do presente momento para caminhar para o passado dele, que somente Jesus conhece, Jesus o Senhor do Tempo, o Senhor do Espaço, o Senhor da Vida.
Sempre tendo em vista a caridade como ponto principal, o amor para com o próximo como âncora para nossa reflexão, fazemos a seguinte perguntas:
Ele nos alega que a situação presente foi causada pelo desemprego. Quais as foram as razões que levaram essa pessoa ao desemprego? Será o fato de um empregado ganhar pouco? Por ter pouca especialização? Será que o dinheiro que ele ganharia com empregado atenderia às suas necessidades? Essas necessidades são reais, modestas, de acordo com os ensinamentos? Será que ele teve estrutura familiar suficiente para que fosse apoiado a perseguir sonhos? Para que pudesse ter um futuro um pouco melhor? Qual era a estrutura escolar que ele teve? E, finalmente, qual foi a estrutura espiritual que ele teve?
Satanás se diverte provocando sofrimento:
Sofreu a pessoa que teve o carro roubado, sofreu o proprietário da farmácia que foi assaltado, se o ladrão tem uma mãe, sofre a mãe, sofre o pai, sofrem talvez os filhos, ou sofrerão os descendentes aqui ainda não nasceram ainda?
Satanás se diverte provocando sofrimento:
Sofre a própria pessoa que está presa, vítima do escárnio da sociedade.
Satanás se diverte provocando sofrimento:
O mundo oferece tentações que essa pessoa não tem condições de resistir. Deseja ter um carro que não pode comprar. Desejava dinheiro que não pode ter vivido as suas limitações. O luxo que o mundo oferece, o conforto material, enfim, inalcançável para ele.
Satanás se diverte provocando sofrimento:
Quais eram os sonhos do Maurício? Seus sonhos de infância? Como pode a criança de 10-15 anos atrás ter escolhido se que a esse caminho? Quais são os pontos de apoio que ele tinha para poder conviver feliz com a sociedade? Com a família?
Satanás se diverte provocando sofrimento:
Somos responsáveis por nossas decisões, mas se não somos educados a resistir às tentações, como podemos ter uma vida feliz? Como poderemos colher os frutos de uma vida regrada? Como pudemos voltar ao jardim no éden?
Satanás se diverte provocando sofrimento:
Quando nós nos tornamos insensíveis ao sofrimento das outras pessoas. A chamada ética, sociedade justa, um governo decente, nada significam sem o sentimento de amor ao próximo baseado no bem. Somos fruto do amor divino e temos carências afetivas, emocionais, materiais, talvez um vazio inexplicável dentro de cada um de nós. Qual é o vazio? Como preenchê-lo?
Claramente o nosso escárnio, o escárnio das pessoas quando simplesmente riem do fato sem parar para analisar em profundidade algum fato, faz com que o sentimento de revolta da pessoa-alvo se intensifique cada vez mais. Daqui seu comportamento tende a piorar. Por quê? Porque não houve a certeza do perdão por parte dessa pessoa. Essa marca tremenda o perseguirá pelo resto da vida e perseguirá seus descendentes, esse é o mais grave, porque não há a certeza dessa pessoa de que ele é fruto de um profundo amor.
Quais foram os amigos, quais foram os fatos recentes que levaram essa pessoa a fazer isso, assaltar pessoas?
Quais foram os valores que levaram a isso? A glorificação da riqueza pregada pela sociedade moderna, onde as tentações são um cada vez maiores? Com pessoas voltadas exclusivamente ao caminho material e não à recompensa espiritual? Não se trata de recompensa moral.
Quais foram as condições da sua juventude? Quem foram seus amigos? Quais são as mágoas que ele carrega? Quais são as mágoas que nós carregamos? Nós próprios?
Quais foram as condições de sua infância? Será que ele apanhava dos pais? Será que tinha amor suficiente do pai, amor suficiente da mãe?
Quais foram as condições de seu nascimento? Será que a mãe teve amparo material e emocional suficiente? Será que passou por imensas frustrações na rede pública de saúde? Quais foram seus sofrimentos físicos e emocionais durante o parto? Houve boas condições que ela teve a posse parto?
Quais foram as condições dos seus 9 meses de gestação? Será que a mãe ou o pai passaram por algum grande sofrimento? Um sofrimento que talvez pudesse ter afetado emocionalmente essa criança?
Quais foram as condições de sua concepção? Será que ele foi concebido através da felicidade? Da felicidade do amor de um casal? Ou foi concebido em outras condições?
Quais foram as condições de seus ancestrais? Será aqui algum deles praticou o ocultismo? Ou frequentou práticas ocultas? Quais foram os sofrimentos que levaram a isso? Será que houve algum suicídio na família? Alguém morreu violentamente?
Quais foram as condições, novamente, de seus ancestrais? Que tipos de espíritos malignos acompanham sua linhagem e tentam fazer-lhe mal?
Finalmente: será que, de alguma forma, ele teve acesso aos ensinamentos corretos? Aos ensinamentos do cristianismo? Qual a nossa responsabilidade pessoal pelo mal que ele sofreu?
É a grande questão que fica no ar: o que podemos fazer para combater o mal que nos contamina todos os dias? Esse mal que é ladrão do amor? O mal personificado, Satanás?