Maria modelo de evangelizadora
17/nov/10
Por Padre
Rufus Pereira
Tradução: Vinícius Adamo
Transcrição: Carlos S. Gushiken
O Senhor esteja
convosco.
Ele está no meio de
nós.
Proclamação do Evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo Lucas.
Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo Jesus
acrescentou uma parábola, porque estava perto de Jerusalém e eles pensavam que
o Reino de Deus ia chegar logo. Então Jesus disse: “Um homem nobre partiu para
um país distante, a fim de ser coroado rei e depois voltar. Chamou, então, 10
de seus empregados, entregou a cada um 100 moedas de prata a cada um e disse: Procurai negociar até que eu volte. Seus
concidadãos, porém, o odiavam, e enviaram uma embaixada atrás dele dizendo: Nós não queremos que esse homem reine sobre
nós. Mas o homem foi coroado rei e voltou. Mandou chamar os empregados aos
quais havia dado o dinheiro, a fim de saber quando cada um havia lucrado. O
primeiro e chegou e disse: Senhor, as 100
moedas renderam dez vezes mais. O homem disse: Muito bem, servo bom, como fostes fiel em coisas pequenas, recebe o
governo de 10 cidades. O segundo
chegou e disse: Senhor, as 100 moedas renderam cinco vezes mais. O homem
disse também este: Recebe tu também o
governo de cinco cidades. Chegou o outro empregado e disse: Senhor, aqui estão as suas 100 moedas e eu
guardei num lenço, pois eu tinha medo de ti, porque és um homem severo, recebe
o que não deste, e colhes o que não semeaste. O homem disse: Servo mau, eu te julgo pela tua própria
boca, tu sabias que eu sou um homem severo, que recebo o que não dei, e colho o
que não semeei. Então por que tu não depositastes meu dinheiro ao banco? Ao
chegar, eu retiraria com juros. E disse depois aos que estavam ali
presentes: Tirai dele as 100 moedas dai a
aqueles que tem 1.000. Os presentes disseram: Senhor, este já tem 1.000 moedas. Ele respondeu: Eu vos digo, a todo aquele que já possui,
será dado mais ainda. Mas aquele que nada têm, será retirado até mesmo o que
tem. E quanto a esses inimigos, que
não queria que não reinasse sobre eles, trazei-os aqui se matai-os na minha
frente.” Jesus caminhava à frente dos discípulos subindo para Jerusalém. Palavra
da salvação.
Glória a vós, Senhor.
(aplausos)
(- música)
Padre Rufus:
Aquele moço veio
com o pôster dizendo: “Padre Rufus, eu quero estar com o senhor” e eu vou dizer
para ele: “É melhor você estar com Jesus”. (aplausos)
Nesta última sessão
aqui na Canção Nova, antes de eu viajar amanhã para Caxias do Sul, para outros encontros,
e depois para Belo Horizonte, nesta última palavra que eu quero partilhar com
vocês, eu estava, pensando na última palavra no Evangelho, o que queria
partilhar com vocês.
Eu pude observar
tanto a figura de Maria com de Jesus, e também a estátua de Maria, e isso que
me fez perceber que nós temos milhares de santos da Igreja Católica.
Eles não são apenas
nossos intercessores, mas, mais do que isso, eles são nossos modelos.
Mas, claro, nenhum
deles pode tomar o lugar de Jesus. Jesus deve ser o nosso modelo, ele deve ser
aquele que nos inspira a ser seus discípulos, é a ele que nós devemos seguir,
como nossos discípulos.
Mas existe uma
pessoa próxima de Jesus que deve ser nosso modelo, nossa inspiração, e é lógico:
nós estamos falando de Maria, sua mãe e mãe da Igreja.
Aqui então eu
gostaria de partilhar com vocês o que o Evangelho fala sobre Maria, Maria como
discípulo-modelo, Maria como modelo de evangelização.
Nós costumamos olhar
para Maria somente como intercessora, alguém a quem a gente pode recorrer para
ter as nossas orações respondidas, alguém a quem podemos recorrer buscando
obter favores. Mas, como o Papa disse na sua encíclica sobre Maria, nós devemos
começar a olhar Maria como nosso modelo, e acima de tudo, como uma presença.
Então, se Maria deve
ser para nós um modelo, tanto um modelo de discipulado, como um modelo de
evangelizador. E mesmo os poucos versículos que se referem a Maria, são
suficientes para nos mostrar que Maria realmente é o nosso discípulo modelo, e
também é a nossa evangelizadora-modelo.
Por que é que eu
digo que Maria é um discípulo modelo? Porque ela mostra todos qualidades que um
discípulo de verdade deve ter, porque em primeiro lugar ela é a mulher da
palavra, é uma mulher no Espírito é uma mulher da cruz.
E portanto não
esqueça essas três coisas que eu estou dizendo para você, e eu repito: ela é a
mulher da palavra, é a mulher do Espírito, e, finalmente, é a mulher da cruz.
Maria, a mulher da palavra
É a mulher da
palavra. A história de Maria começa com a aparição do anjo Gabriel a ela, que
deu a boa nova de que ela deveria ser a mãe do Messias e ela estava imaginando
como ela, uma virgem, poderia dar a luz a um bebê. Quando o anjo assegurou a
ela que o filho que ela conceberia seria pela força do Espírito Santo, então
ela aceitou a palavra de Deus, ela disse aquela linda frase: “Seja feita em mim
a vossa vontade, aqui estou”.
É a maneira que
melhor expressa o que nós, discípulos, devemos ser, seja o que for que o Senhor
falar conosco. A nossa resposta tem que ser como essa, de Maria: “Aqui estou,
Senhor, para fazer a sua vontade. Seja feita em mim de acordo com a sua palavra”.
e é uma das palavras mais belas da bíblia, e por quê? No momento em que Maria
expressou-se com fé, dessa forma, Jesus, a segundo pessoa da Santíssima
Trindade, encarnou-se, e tornou-se um bebê em seu ventre.
Esse é o poder dessa
palavra que Maria disse, e você pode imaginar o que acontecerá com as nossas
vidas se vocês fizeram o mesmo, e que seja lá que dificuldade tenhamos em
entender a palavra de Deus, seja lá qual for a dificuldade que tenhamos de
realizar a palavra de Deus, no momento em que ouvimos a palavra de Deus, e a
nossa resposta for como essa resposta de Maria, “Senhor seja feita a sua
vontade em minha vida, seja feito comigo conforme a sua palavra”, assim como
ela falando, Jesus também entra na nossa vida, da mesma forma, Jesus vai entrar
também na nossa vida.
E segundo lugar,
quando nós lemos sobre a visita de Maria a Isabel, você sabe o quanto Isabel
ficou surpresa quando Maria chegou em sua casa, porque Isabel teve a sensação,
pela força do Espírito Santo, que Maria não estava mais sozinha, que Maria
estava trazendo Jesus para a casa de Isabel e Zacarias. E o quê que Isabel
disse? “Como é possível que a mãe do meu Senhor venha até a mim?” e Isabel
louvou o Senhor por Maria ser a mãe de Deus todo-poderoso. Então ela refletiu e
percebeu que havia uma razão mais importante pela qual Maria foi chamada. E,
dois versículos depois, Isabel chama Maria novamente de bem aventurada, por uma
razão, de certa forma, mais importante. Isabel disse a Maria: “Bem-aventurada
és tu porque ouvistes a palavra de Deus e obedeceste.”
Era como se Isabel
estivesse dizendo a mim e a você, que Maria é a mais do que bem-aventurada não
porque aconteceu dela ser a mãe do filho único de Deus, mas porque ela
acreditou na palavra do Senhor.
Da mesma maneira,
nós somos bem-aventurados quando nós ouvimos a palavra de Deus e cremos, e a
marcamos em nosso coração.
Em terceiro lugar,
indo adiante, quando Jesus estava contando a parábola da semente e do campo, em
que ele disse que aquele homem que e ele disse que aquele home que semeasse com
o fruto, colheria 100 vezes mais, seria abençoado, os discípulos e a multidão
disseram a Jesus: “Maria e seus familiares queriam vê-lo”, e o que Jesus fez? De
maneira dramática ele não saiu para se encontrar com sua mãe e os seus
familiares. Ao contrário, ele voltou-se aos seus discípulos e disse: “Vocês são
tão importante para mim como a minha mãe. Desde que vocês, como ela, ouçam a
palavra de Deus e deem fruto 100 vezes mais”.
É como se Jesus
estivesse dizendo que o melhor exemplo daquele terreno que dá 100 vezes mais conforme
a sua semente é a sua mãe, Maria, e
Jesus estava dizendo a mim e a vocês que nós seremos tão próximos e tão
queridos dele dele como foi a sua mãe, se na medida que nós, como ela, ouvirmos
a palavra de Deus e perguntamos que essa palavra dê fruto em nós 100 vezes mais.
Imagine só Jesus
dizendo para você que você é tão amado como a sua própria mãe? Isso não é
incrível?
E a outra passagem
do Evangelho que fala da Bíblia que fala sobre isso está no capítulo 11 do Evangelho
de Lucas, quando Jesus está falando da força do Espírito Santo e dos ataques do
espírito do Mal, Jesus fala de uma maneira tão poderosa e tão bela, que causou
um grande impacto nos discípulos, como faz em mim ainda hoje, porque o Evangelho,
capítulo 11, de Lucas, é uma das minhas passagens favoritas, do versículo 1 ao
versículo 28.
E como é que termina
essa passagem? Com uma mulher na multidão gritando quase gritando alto: “Como
deve ser feliz da sua mãe ter um filho como você”, e eu compreendo o que ela
estava dizendo, porque às vezes meus amigos dizem para minha mãe: “Você deve
ser muito feliz porque você tem um filho como o Rufus”. Mas o que Jesus disse?
“Não, eu é que sou feliz, eu é que sou afortunado por ter uma mãe como ela”. Que
melhor elogio poderia um filho dar à sua mãe? Do que dizer: “Que afortunado sou
eu porque tenho uma mãe como essa”, porque tudo aquilo que Jesus sabia e
ensinou, ele aprendeu de sua mãe. Todos os dias sua mãe estava ensinando a ele
a Bíblia, todo dia a sua mãe rezava com ele, conduzia-o, por isso Jesus se
tornou o que ele era. Não era só pela força do Espírito Santo, mas o Espírito
também usou a sua mãe, Maria, para fazer que Jesus pudesse ser o que ele foi. Por
isso mesmo Jesus diz: “Eu devo tudo à minha mãe, a Maria”. (aplausos)
Portanto, Maria está
em primeiro lugar entre as pessoas humanas.
A Bíblia não diz
coisas tão maravilhosas? Incríveis? Coisas que nos inspiram e motivam.
Maria, a mulher do Espírito
E em segundo lugar,
Maria era a mulher do Espírito, não somente a mulher da palavra, mas a mulher
do Espírito. Como eu sei disso?
Porque bem no
primeiro capítulo do Evangelho de Lucas, nós lemos: “Como será que é possível
que ela, uma virgem, possa ter um filho?” Mas o anjo disse a Maria que isso
seria um trabalho do Espírito Santo, ele disse essas lindas e fortes palavras, “O
Espírito Santo virá sobre ti, o Espírito Santo tomará posse sobre você, para
que o que nascer de você seja o Filho de Deus”.
Maria foi preenchida
com o Espírito, da mesma maneira que Jesus seria preenchido com o Espírito, e
depois os apóstolos seriam preenchidos com o Espírito, mas tudo começou com a
Maria sendo cheia do Espírito Santo.
Portanto, eu não
posso compreender como as pessoas dizem que tem devoção a Maria mas nunca leem
a Bíblia, às vezes nem tem Bíblia em sua casa.
Mas, se forem
verdadeiros discípulos de Maria, eles devem ler a palavra de Deus todos os
dias, e fazer com que essa palavra seja o seu coração. Da mesma maneira, eu não
consigo entender como é que alguém pode me dizer que é discípulo de Maria,
quando ele nunca ouviu falar do Espírito Santo, e que não quer se recebê-lo e
ser cheio do Espírito, repleto no Espírito. Porque Maria foi repleta do Espírito
Santo, é que Jesus veio a este mundo.
E vemos em seguida o
que Maria fez quando ela chegou à casa de Isabel e Zacarias. A sua própria
presença trouxe o Espírito Santo àquela família. O João Batista foi repleto do
Espírito Santo, Isabel ficou cheia do Espírito Santo, também Zacarias ficou
repleto do Espírito Santo, depois Simeão ficou repleto do Espírito Santo e
depois até mesmo Ana, a viúva, ficou repleta do Espírito Santo.
Aonde Maria passava,
ela trazia consigo o Espírito Santo, ela criou uma epidemia de Espírito Santo.
E ela era a mulher do Espírito.
Como pode qualquer
pessoa dizer que é discípulo de Maria, se a pessoa não compreende que ela
precisa ser preenchida pelo Espírito Santo? E ajudar os outros a serem
batizados e repletos do Espírito Santo?
Maria, a mulher da cruz
E, em terceiro,
Maria é a mulher da cruz.
O Evangelho de São
João começa com a festa de Canaã no capítulo dois, quando teremos estas
palavras: “Maria estava lá”.
Maria estava lá para
dizer às pessoas o que ela experimentou, o poder da palavra de Deus quando ela
disse para as pessoas: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Na segunda vez o Evangelho
de São João diz que Maria estava lá, no final do Evangelho, no capítulo 19,
quando João diz que Maria estava lá, em pé, diante da cruz, como que para dizer
que aquele é o lugar que Maria deveria estar.
Num determinado
país, em todas as igrejas que a gente vai, eu vejo a mesma imagem atrás do
altar: o crucifixo no centro, Maria de um lado e João Evangelista do outro lado.
Toda igreja daquele país tem a mesma coisa. Não é este é um símbolo do que
deveria ser? Porque Maria ficou ao pé da cruz, porque Jesus a convidou para que
ela o seguisse, que ela fosse com ele
para a cruz, pegasse a sua cruz e fosse atrás de Jesus.
Desde o começo Maria
passou por todos os sofrimentos que uma mulher
passa, até mesmo o sentimento de desconfiança no seu esposo que a amava
tanto. E quanto tempo isso demorou, nós não sabemos. Mas Maria tomou sobre ela também
o sofrimento da mulher nessa área em sua vida, que é, com frequência, uma
grande cruz para as mulheres, de receber a suspeita do homem a quem ama e que também são amadas.
Deus convidou Maria
para que passasse pelo sofrimento das mães: o seu filho não morreu, não está
doente, mas é raptado. E ela chega em agonia para saber o que aconteceu com seu
filho, e nós sabemos que quando Jesus se perdeu no templo, você pode imaginar o
sofrimento pela qual Maria passou, não sabendo o que aconteceu com Jesus.
E Deus permitiu que
Maria passasse pelo sofrimento que as mães passam quando não sabiam onde
estavam seus filhos. Maria expressa o seu sofrimento dizendo: “Filho, por que
você fez isso conosco?”
Maria sofreu porque
teve que refugiar num país estrangeiro e teve que fugir para o Egito. Você
imagina o que esse problema pode ser?
Maria passou pelo
sofrimento de saber que o rei Herodes estava buscando o seu filho para
destruí-lo. Não era apenas uma ameaça, mas estava acontecendo realmente. Quando
o rei Herodes mandou matar todos aqueles bebês em Helen, querendo matar Jesus
na esperança de que fosse um deles, Maria sofreu pelo sofrimento das mães cujos
filhos são mortos em todos esses ataques terroristas que ocorrem em todos os
lugares.
E durante todo o
ministério de Jesus Maria passou pelo sofrimento das pessoas que zombavam de
Jesus, dizendo: “Veja o que o seu filho está falando, ele está traindo a fé dos
nossos antepassados”, e o que Maria poderia fazer? Somente ouvir e ouvir.
E depois, no caminho
da Cruz, a tradição diz que Maria encontrou-se com Jesus no caminho do Calvário,
na quarta estação do Calvário. E o que você pode imaginar o que foi esse
encontro.
E finalmente a
última cruz que Maria recebeu, quando a bíblia diz: “ali, aos pés da Cruz
estava Maria, a mãe de Jesus”.
Assim como se ela,
até o final assistiu e participou dos sofrimentos de Jesus. Maria nunca pôde esquecer,
como Simeão havia dito a ela, que uma espada de dor transpassaria o seu coração.
Você pode imaginar o
que ela sentiu anos depois disso?
Conclusão
Mas agora havia uma
lança transpassando o coração de Jesus, e ela pôde perceber que aquela mesma
lança que transpassada o coração de Josias, era o mesmo que a espada que transpassava
o seu coração, porque Jesus havia convidado Maria para ser a sua primeira
discípula, para ser a mulher da palavra, para obedecer a palavra de Deus e
obedecer, independentemente da dificuldade, para ser a mulher do Espírito, não
somente para receber o Espírito, mas para ajudar os outros que recebessem
também, e para ser a mulher da cruz, convidando-a para que ficasse ao lado do
crucificado, a Igreja não mais se esquece o que Jesus disse: “Todo aquele que
quer ser meu discípulo, deve se negar a si mesmo, deve dizer ‘não’ aos valores
do mundo, deve dizer ‘sim’ aos valores do Senhor e deve carregar a sua própria
cruz e seguir a Jesus”.
Maria, a mulher a
palavra, a mulher do Espírito e a mulher da cruz.
E o Senhor nos chama,
a cada um de nós hoje, aqui, que queremos nos proclamar cristãos e católicos, que,
se quisermos evangelizar o mundo, nós não podemos fazer isso a menos que, como
Maria, nos tornemos discípulos e, como modelo de evangelizadora, para que
sejamos homens e mulheres da palavra de Deus, para sermos mulheres e homens do Espírito,
de sermos homens e mulheres da cruz.
Amém.
(aplausos)
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