0000000000
Passo a passo para a cura
Por Padre Rufus Pereira
Tradução Vinícius Adamo
Transcrição Carlos S. Gushiken
Agradecimentos a Erika Gibello
Eu só queria
mencionar uma pequena coisa, eu recebi um bilhetinho de alguém e diz assim em
português "Ontem eu me comovi com o seu testemunho, quando o senhor falou
de sua mamãezinha" e veio junto este presente.
Quando eu
voltar para Londres quero dar essa caixinha, que contém chocolates, para uma
dama que mais tem me ajudado no meu ministério nesses últimos 25 anos.
Estava
previsto que ela viesse para nos ajudar neste retiro, o nome dela é Erika
[Gibello].
|
Sra. Erika Gibello
Especialista em forças ocultas
(secretariou o Pe. Rufus por quase 40 anos) |
No ano
passado, quando ela veio ao Brasil, ela nos ajudou nos outros encontros que nós
fizemos em Aparecida de em Valinhos, mas ela não poderia vir aqui na Canção Nova, porque ela descobriu que o seu primo
está na Argentina. Ela e esse primo eram pequenos quando se separaram por causa
da Segunda Guerra Mundial há 55 anos atrás.
E as famílias
foram tragicamente separadas, o pai desse primo e o pai da Erika, e desde
aquela época não havia tido correspondência na Áustria, e ela sentia que devia
ter acontecido algum mal entendido, porque mesmo escrevendo para eles, da
Áustria para a Argentina, nunca haviam obtido resposta.
E naquele ano
ela perguntou para mim se ela deveria ir para a Argentina ou vir para o Brasil.
Então eu disse "O importante é que você vá visitar o seu primo e faça uma
oração de cura interior por ele", como se eu quisesse dizer que o Senhor
veio para trazer cura familiar, a família vem em primeiro lugar. Ela ficou
triste de não poder vir aqui, mas ela foi para a Argentina aonde está o seu
primo e houve uma linda reconciliação entre eles. Isso aconteceu depois de 50
ou 55 anos.
Este ano,
novamente, era suposto que ela viria para cá, mas também teve problemas na
família e ela perguntou "Padre, o que é que eu devo fazer?”, "Faça o
que você o Senhor disser o que fazer, mas, novamente, eu acho que em primeiro
lugar nós somos chamados para ministrar a cura interior nas nossas
famílias".
Ela já havia
comprado a passagem, mas apenas dois ou três dias antes de vir, ela acabou
cancelando a passagem. Eu sei que ela estava muito ansiosa para vir para cá
nesses meses que estávamos negociando com a Canção Nova, ela estava sempre se
comunicando com a Canção Nova e com o Vinícius.
Então, eu
quero fazer essa menção pública, que, com certeza, o Senhor vai abençoar a por
ter tomado essa decisão.
E esperamos que
ela possa vir logo ao Brasil para falar de sua experiência.
(aplausos)
Ela é, talvez,
uma das maiores autoridades que eu conheço sobre as novas seitas e movimentos
religiosos, especialmente com os que tiveram origem na filosofia e na religião
hindus.
Ela é a
secretária Associação da Internacional dos Exorcistas, e ela nos ajuda a
organizar a Conferência Pan-europeia de Libertação, e também fundou duas ou
três casas de recuperação de drogados na Índia.
Então, quando
eu voltar, vou dizer que todos vocês estão rezando por ela na sua ausência, eu
espero que ela possa vir ao Brasil, porque o que ela tem a dizer, tenho certeza de que vai ser muito importante para
o Brasil. Ela vai falar com a autoridade de seu conhecimento.
Vou dar este
coração para ela como que vindo de vocês.
(aplausos)
Cura Interior: como saber que preciso de cura?
A segunda
questão que eu gostaria de responder a respeito da cura interior, é como eu sei
que eu preciso de cura interior, e se eu
preciso de cura interior, como rezar pela cura interior, essa é a questão do
discernimento e do diagnóstico espiritual.
Se você vai ao
médico com febre, ele não vai lhe dar o remédio de imediato. Ele vai primeiro
tentar descobrir as causas da febre, pode ser dengue, pode ser febre amarela, então
ele vai dar o medicamento. Se no campo médico o diagnóstico é tão importante,
muito mais importante deve ser um diagnóstico na ajuda da cura espiritual ou
emocional na vida de alguém.
Então neste
encontro de no encontro de amanhã, nós nos concentrar no diagnóstico.
Então, como é
o sei se eu preciso de cura interior, e aonde eu preciso?
É uma maneira
de fazer isso é colocar esses três passos, que eu vou falar hoje.
Encontrar,
descobrir quando preciso de cura interior, e aonde eu preciso de cura interior.
Primeiro passo: tomar nota dos sintomas.
Então, esse é
o primeiro passo, tomar nota dos sintomas. É tomar nota de coisas que você ou
alguém de fora pode observar em você externamente.
E é o que os
médicos fazem, eles vão olhar para dentro de seus olhos, olhar para a sua
língua, vão sentir o seu pulso, vão medir a sua temperatura, coisas que são
observáveis com rapidez e que são sinais externos de anormalidade.
Da mesma
maneira, quando você lida com cura interior, nós também precisamos começar com
esses sinais externos, as coisas que são observáveis. É como no processo de
aprendizado nas escolas, no ensino de crianças, onde, normalmente, nós vamos do
concreto para o abstrato, do conhecido para o desconhecido, do particular para
o geral. Então é assim que a gente começa, é pelo que vemos externamente.
Quais são os sintomas?
O primeiro de
tudo, devemos observar os seus sintomas físicos. Tomem nota das coisas que
estão acontecendo no seu corpo, as dores que você tem um sentido na sua cabeça,
nas suas costas ou em qualquer lugar ou talvez a febre que você esteja tendo,
coisas que fazem, por exemplo, você não dormir de noite, a doença que você está
apresentando.
Frequentemente
as pessoas vêm até a mim para expor os seus problemas, às vezes, eu peço para
que elas me deixem ver o seu prontuário médico, os remédios que estão tomando,
e qual dieta que estão seguindo. Quanto mais informações eu tiver sobre a
situação física de uma pessoa, melhor será o diagnóstico.
Suponha que eu
esteja diante de um caso de dores de cabeça.
Frequentemente,
quando eu tenho tempo, faço perguntas do tipo "Com que frequência você tem
dores de cabeça? Quando começou essa dor de cabeça? Que parte da cabeça doi? Qual
é o tipo de dor que você tem?", são todos os tipos de perguntas.
E, qualquer
pergunta que eu faça, é uma maneira de saber quais são as causas-raiz dessa
necessidade de cura. É claro que quando estamos tratando individualmente isso
acontece. Mas muitas vezes a gente não tem tempo de perguntar tudo isso, por
isso que não é possível fazer esse tipo de coisa quando envolve muitas pessoas
ao mesmo tempo.
Tome, por
exemplo, se você tem problemas de dores de estômago, qual é o tipo de dor de
estômago? Se é uma dor não localizada, pode ser a indicação de um tipo de
problema emocional ou espiritual que você tenha.
Em seguida
você vai tomar nota dos sintomas emocionais.
Uma maneira
simples de se fazer isso é quando eu pergunto para a pessoa "Diga-me,
quando você está sozinho, qual é o seu sentimento predominante? Qual é a sua
emoção mais predominante?", e essa informação é muito importante para
descobrir o problema emocional.
E as suas
atitudes também as atitudes que aparecem num determinado momento da vida, como,
por exemplo, uma certa pessoa pode se apresentar muito crítica sobre todas as
coisas em volta. A outra pessoa pode ser uma pessoa que deixa tudo acontecer
com ela, sem se importar. Ambas as atitudes são erradas, a boa atitude é aquela
do equilíbrio.
Então, a
atitude de uma pessoa é uma indicação daquilo que vai no seu interior.
Veja, por exemplo,
os padrões de comportamento de uma pessoa.
Por exemplo,
uma pessoa que fica zangada sem razão, fica braba sem razão. A outra pessoa não
se afeta por nada. As duas atitudes são extremas e erradas, são duas atitudes
que apresentam uma forma incorreta de comportamento. O correto é percorrer esse
caminho andando pelo centro.
Portanto, eu
preciso saber de todos os sintomas.
Por exemplo,
uma de suas crianças pode estar sempre dizendo mentiras, e com frequência você
pode estar punindo aquela criança. Pior ainda, pode ser que você a chame de
mentirosa. As duas coisas estão erradas. Talvez aquela criança esteja dizendo
mentiras e talvez não porque ela goste de dizer mentiras, mas porque pode ter
alguma causa emocional mais profunda que se manifesta no sintoma da mentira.
Talvez, aos
olhos de Deus, não haja pecado nenhum em uma criança dizer mentiras, dizer
mentiras, a mentira não se trata do problema, mas é o sintoma de um problema.
Com muita
frequência as pessoas vêm para mim e dizem "Padre, reze por mim porque eu
estou com depressão", mas a depressão não é a doença, não é o problema. A
depressão é um sintoma de um problema mais profundo. O problema é que muitas
vezes as pessoas não sabem diferenciar os problemas do sintomas, acabam
trazendo somente os sintomas e não o problema.
Não sei o quê
fazer com que isso.
Então eu
acredito que nós tenhamos que ir além dos sintomas.
Por exemplo,
suponha que uma criança roube coisas, o pai talvez vá puni-la, pode querer
bater nela e a criança pode não saber por que é que os pais estão batendo nela.
Ou, pior ainda, os pais podem chegar e dizer para ela "Você é um pequeno
ladrão", e a criança vai ficar muito ferida. Ela fica ferida porque não
está percebendo o que está fazendo. Por exemplo, a cleptomania é um sintoma,
não a doença.
Nós precisamos
ter, então, o cuidado de tomar nota de todos os sintomas, mas não vamos parar
por aí.
Como aquele
bom médico, nós vamos ir além dos sintomas, mas ao tomarmos nota, não vamos
tomar o remédio imediatamente. É como o médico que toma nota de todos os
sintomas, ele não vai nos medicar imediatamente, mas ele vai tentar entender o
que está acontecendo conosco, e então, feito o diagnóstico, ele vai prescrever
o remédio na dosagem correta por certo período, de forma a acabar com a causa
daquele sintoma, que é a doença.
A partir da
experiência o médico vai descobrir quais são as doenças que originam aquele
sintoma.
Com grande
frequência os mesmos sintomas se apresentam, apesar de nós termos doenças
diferentes. Por exemplo a febre, ela pode ser resultado de várias causas, desde
uma gripe comum até a dengue hemorrágica ou tifo ou malária.
Então o bom
médico tem que usar toda a sua experiência para saber o que aquele sintoma
significa.
Quantas
pessoas nos disseram para nós, trazendo doentes e dizendo que "O médico
não sabe nos dizer qual é o problema dela" e estão trazendo os sintomas,
mas muitas vezes não sabem qual é essa doença.
Então,
novamente, o primeiro passo é tomar nota dos sintomas.
Quanto mais
informações estiverem disponíveis, melhor será o diagnóstico.
A propósito,
quando você começar a escrever essas coisas, não deixe o papel exposto, é para
guardar esse papel, não coloque na caixa nem entregue para outras pessoas,
como, por exemplo, o Vinícius aqui. Eu vou dizer para vocês o que fazer com
esses papeis que contém o seu sintomas, depois.
Então esse foi
o primeiro passo.
Qual é o
segundo passo?
Segundo Passo: Descobrir o seu problema emocional mais
importante.
Vá além dos
sintomas para descobrir o seus reais problemas emocionais. Portanto, repetindo,
o segundo passo é ir além dos sintomas emocionais e descobrir a sua verdadeira
doença emocional.
Mas, claro que
antes de mais nada: eu tenho que admitir que estou com essa doença emocional.
Eu tenho que
admitir que eu tenho um problema. Se você declara que não tem problemas, você
não precisa ir adiante no processo de cura interior.
Quando Marta e
Maria, as duas irmãs de Lázaro, perceberam que seu irmão estava muito doente,
qual é o recado que elas mandaram para Jesus? elas disseram "Senhor, aquele
que o Senhor ama está doente".
O problema era
que Lázaro estava doente e a solução estava logo ali. "É aquele que o Senhor
ama". A sua solução estava logo ali, em Jesus, onde Lázaro era "aquele
que o Senhor ama".
Portanto,
primeiro é necessário admitir que o problema existe, você está com um problema.
É por isso que numa única palavra, "eu preciso ser honesto comigo mesmo"
para descobrir o meu problema e apresentar esse problema ao Senhor.
Caso: O retiro para padres da Tanzânia
Fonte: Passo a
passo para a cura interior (2000)
No final de um
retiro de padres, na Tanzânia, eu estava conduzindo um serviço de cura na
catedral.
Havia uma
jovem que foi trazida por algumas freiras para que se rezasse sobre ela. Acredito
que ela tinha uns 17 ou 18 anos. E ela veio para mim que eu perguntei:
– Qual é o seu problema?
– Eu não tenho nenhum problema.
– Então, por que é que você veio?
– Eu vim para tomar uma bênção, eu quero uma
bênção.
– Eu não dou bênção, mas também não dou
maldições. – era brincadeira, é claro.
Você percebe?
Todos nós temos problemas. Mesmo eu tenho problemas. Então eu perguntei:
– E qual é o seu problema?
– Não, eu não tenho problemas.
– E o que é que você quer que eu faça?
– Você, reze assim, de forma genérica.
Então eu rezei
por ela, e enquanto estava rezando, percebi que alguma coisa estava acontecendo
com ela. Alguma coisa estava tentando interferir na sua respiração, alguma
coisa estava acontecendo na garganta dela. Subitamente eu percebi que o que
estava acontecendo com ela era o que aconteceu com Zacarias, o Zacarias do Evangelho.
Quando
Zacarias encontrou no templo e pediu a Deus a graça de ter um filho, porque ele
e sua mulher estavam já com idade avançada e não podiam ter crianças, quando
Deus disse a ele que sua esposa conceberia um filho, ele teve dificuldades para
acreditar.
Isso é coisa
que acontece com frequência nas pessoas, ainda hoje, e tem acontecido muito
conosco nesses dias. A pessoa vem a nós para a oração, depois que eu oro para a
pessoa, a pessoa vem me perguntar "Padre, será que eu serei curado?",
aí então eu digo "Você estará sempre nas minhas orações".
Ou então, depois
de nós temos rezado, a pessoa vem e novamente fala tudo o problema.
Elas estão tão
presas ao problema, tão envolvidas pelo problema, que simplesmente não
conseguem ter fé de que Deus vá curá-los.
É o que
aconteceu com Zacarias, ele nem mesmo conseguiu ouvir direito que Deus lhe
prometia um filho, ele estava tão envolvido no seu problema que ele só
conseguia mentalizar o problema "Eu tenho problema... eu tenho
problema..." é o quê que aconteceu com Zacarias? O Senhor tirou sua voz.
Portanto, eu
senti que o que estava acontecendo com aquela menina era o que tinha acontecido
com Zacarias e eu disse:
– O que está
acontecendo com você, sabe, o Senhor está tapando a sua voz, porque você veio
até aqui pedir para o Senhor para te ajudar, mas você está dizendo a ele que
você não tem problema nenhum. Então agora eu estou perguntando para você,
novamente, você tem algum problema? – Então,
como ela não podia falar, ela pediu um papel que ela escreveu: "eu não
tenho problemas". (risos)
É incrível. Eu
disse para ela:
– Mas você tem um problema, pelo menos esse,
agora.
Novamente ela
pediu o papel e escreveu: "Não, eu não tenho nenhum problema".
Então eu disse
para as freiras que a trouxeram: “É melhor vocês saírem e ficarem do lado, ali,
é convençam-na de que ela tem um problema, ou então ela vai permanecer dessa
maneira, e eu não sei dizer por quanto tempo.
E depois de
algum tempo elas trouxeram a menina e eu perguntei a ela:
– Você tem algum problema?
E como ela ainda não conseguia falar, ela
escreveu no mesmo papel as palavras "Sim, eu tenho um problema", e
assim que ela colocou o "ponto final" no papel, a sua boca se abriu e
ela podia falar. Eu não estou dizendo que isso vá acontecer com vocês, (acha graça) mas isso pode acontecer. (riso)
Não é todo
mundo que vem até a mim para pedir oração e ficam piores. (riso)
E isso
acontece porque especialmente elas não estão preparadas para trazer o problema
na frente do Senhor, ou então elas não estão dispostas a remover os bloqueios
para que a cura interior possa acontecer. Portanto, elas não estão preparadas
para se arrependerem ou para perdoarem.
Com
frequência, quando a pessoa vem e eu percebo que ela não estava preparada para
receber a cura, eu imponho a mão na cabeça da pessoa, mas eu não estou rezando,
porque eu tenho medo que se eu for rezar alguma coisa possa vir a acontecer. Eu
rezo pedindo ao Senhor: "Senhor, prepare esta pessoa para que ela possa
receber a cura interior".
Então, a
primeira coisa que eu preciso admitir é que eu tenho um problema.
Qual é o
primeiro passo no programa dos Alcoólicos Anônimos? O primeiro passo é quando o
alcoólatra diz "Eu não tenho controle sobre o álcool, eu não tenho poder
sobre o álcool, eu sou dependente do álcool”.
Com frequência
um alcoólatra pode dizer "Eu consigo parar de beber quando eu quiser"...
ou seja, nunca. (acha graça) Ele precisa
dizer "Eu não posso parar pelas minhas próprias forças, eu não tenho esse poder
sobre o álcool".
E, mais do que
isso, o primeiro passo no programa do Alcoólatras Anônimos é quando o doente
diz “Eu sei que a minha vida não está sendo governado por mim mesmo, a minha
vida inteira está uma bagunça”. Mas, com frequência, um alcoólatra dirá "O
meu único problema é o álcool, é só a bebida. O restante da minha vida, eu
posso até mesmo facilmente ser canonizado, como santo. O meu problema é só a
bebida".
Não, ele vai
ter que dizer que a vida dele está uma bagunça.
É por isso que
antes de nós rezamos por cura interior, nós precisamos ter certeza.
O que Jesus nos
ensina na parábola do publicano e do fariseu? De muitas maneiras de se ver,
esta é uma parábola básica para a vida cristã, porque quando o fariseu entra no
templo, o quê que ele faz? Ele vai direto para a frente do altar, fica em pé
diante de Deus, olha para cima, para Deus, e põe a suas mãos para Deus e ele
começa a rezar desta maneira "Senhor, o Senhor sabe o quanto eu rezo, o Senhor
sabe o quanto eu jejuo, o Senhor sabe o quanto eu sou bom. Eu sou melhor do que
todos, sou até mesmo muito melhor do que aquele publicano", mas enquanto
isso ou publicano fica do lado de fora do templo, ajoelhado e orando, olhando
para o chão, batendo no peito com as mãos, a sua oração é esta "Senhor, me
ajude, minha vida toda está uma confusão só..." ele Jesus diz "É o
publicano que voltou para casa curado, e não o fariseu".
O primeiro
passo para receber a cura do Senhor é o
passo da humildade, é o passo de dizer "Senhor, sim, eu estou doente, eu
tenho um problema, eu preciso de você".
Caso: o alcoólatra que teve alta em três dias
Fonte: Passo a
passo para a cura (2000)
Uma vez eu fui
rezar por um conhecido no hospital, uma pessoa que eu conhecia bem. Ela era
alcoólatra e a sua família havia dito para mim: "Padre, ele não tem mais
do que dois ou três dias de vida". E eu perguntei para ele:
– E como é que você está?
– Ah, está tudo bem. só tenho uma pequena dor
aqui no estômago, que tem dois ou três dias vou receber alta do hospital.
Depois de três
dias ele recebeu alta do hospital para o
cemitério...
Então, até o
final, ele não admitiu que ele era alcoólatra.
Portanto eu
preciso admitir que eu tenho um problema.
Então eu tenho
que descobrir qual era o maior problema da minha vida.
Antes de eu
falar sobre os problemas que nós temos, hoje eu gostaria de partilhar com vocês
um segredo que não está registrado, você não precisa pagar direitos autorais
por isso.
Com
frequência, quando eu não tenho muito tempo para ajudar uma pessoa, e a pessoa
quer me contar muitas coisas, então eu digo “Vamos deixar tudo isso para o
retiro? Mas no momento eu só vou fazer uma pergunta: ‘Diga-me, o que te feriu
mais na sua vida?’ – ou seja, ‘Qual é o seu maior problema’?". E, com frequência,
eles vão me dizer aquilo que mais feriu em segundo lugar e não o que mais as
feriu em primeiro lugar.
É por isso que
não são curados. Eles encontram muita dificuldade em dizer o que as feriram
mais, talvez até tenham esquecido disso. Isso mesmo, esquecido, porque tem medo
de manter aquilo ali na minha mente. Mas enquanto não disserem, não poderão ser
curados.
Mesmo nesses
dias aqui, muitas pessoas foram finalmente libertas somente quando disseram
aquilo que mais as feria, qual foi a coisa mais errada que fizeram na vida
delas.
Então, uma vez
que eu descubro a coisa mais problemática, mais errada na minha vida, então eu estou
pronto para receber a cura interior.
Então eu vou
falar para vocês sobre os quatro maiores problemas emocionais que eu tenho. Vamos
então, antes de começar, vamos levantar e cantar uma música?
Eu vou cantar
em inglês, de hoje à tarde, quando vocês estavam cantando uma canção, lembrei
de um destino semelhante de muitos anos atrás. Então eu vou começar cantando em
inglês e depois vocês continuam em português.
Faz-me chegar aos seus rios, Senhor!
Faz-me chegar aos seus rios, Senhor!
Faz-me chegar aos seus rios, Senhor!
Faz-me chegar, faz-me beber, faz-me viver!
Faz-me chegar aos seus rios, Senhor!
Faz-me chegar aos seus rios, Senhor!
Faz-me chegar aos seus rios, Senhor!
Faz-me chegar, faz-me beber, faz-me viver!
Os quatro principais problemas emocionais
Então, quais
são os quatro problemas emocionais que todos nós temos?
O principal é
mais importante é que o sentimento de rejeição. Mas, antes de falar sobre a
rejeição somente, eu vou falar de outros três, para você ter um quadro geral
que nós precisamos tratar.
1. Sentimento de rejeição: do meu
relacionamento com as pessoas,
2. Sentimento de culpa: do meu
relacionamento com Deus,
3. Sentimento de inferioridade: do meu
relacionamento comigo mesmo,
4. Sentimento de medos: do medo presente
em todos os três anteriores.
1. O sentimento de rejeição
De muitas
formas o problema principal de relacionamento que as pessoas têm, é o medo
presente no sentimento de rejeição. E como é que a rejeição vem para a minha
vida? Ele vem quando eu sinto que eu não sou amado e querido por aqueles de
quem eu desejaria ser amado, especialmente pela mãe, pelo pai ou por aí em
diante.
Quanto mais
próximo o relacionamento, maior e mais difícil o sentimento de rejeição, maior
o machucado. Não é que eles não me amem, mas eu me sinto assim. Eles talvez não
percebam que estão me rejeitando, talvez eles também tenham sido rejeitados por
seus pais. Talvez, dessa maneira, não se tornaram capazes de partilhar o seu amor
com as crianças. Mas, por causas corretas ou não, a questão é que eu me sinto
rejeitado pelos meus pais, eu sinto que eu não sou amado, portanto eu sofro
pelo sentimento de rejeição. E, com a rejeição, o que vem ao meu coração? O ressentimento,
a raiva, a amargura, o ódio, a vingança, a suspeita na vida matrimonial, ciúmes
entre amigos e outros mais...
Mas qual foi o
maior sofrimento de Jesus?
Não foi a dor
física da crucificação, mas mais do que isso, foi o sentimento, a emoção, o
sentimento de rejeição. Nós vimos logo no começo do Evangelho de São João que
Jesus veio para os seus e os seus não o receberam. A sua própria família disse
que ele estava fora de controle, estava enlouquecendo, e o colocaram para fora,
estavam com vergonha dele. Os próprios apóstolos suspeitaram dele quando viram
Jesus conversando com uma samaritana.
Imaginem só, os
apóstolos suspeitando de Jesus?
E o importante
e interessante é que o Evangelho nem menciona os apóstolos perguntando sobre o
que ele estava conversando com a samaritana.
E os líderes
religiosos daquele tempo tinham inveja dele, Jesus foi levado à morte por causa
da inveja, e o pior, na cruz.
No Evangelho
de Marcos e no Evangelho de Mateus, os dois primeiros Evangelhos, o quê que
Jesus diz? Uma frase. No Evangelho de São Lucas serão adicionadas mais três frases
e no Evangelho de São João outras três. Mas nos primeiros Evangelhos, somente uma
única frase foi dita por Jesus. E o quê que Jesus disse na cruz? É como se ele
estivesse expressando o último sentimento do seu coração, "Meu Pai, meu Pai,
por que me abandonaste?" e o evangelista escreveu na língua de Jesus. O
aramaico no Evangelho e em grego no outro Evangelho, porque quando você diz que
alguma coisa de muito profundo no seu coração, automaticamente você diz da sua
língua materna. As palavras de Jesus tiveram tanto impacto na igreja primitiva
que os evangelistas disseram "Nós temos que dizer exatamente como Jesus falou",
como se Jesus estivesse expressando na cruz qual é o maior ferimento que um ser
humano pode passar, o sentimento de ser rejeitado. É o medo de ser traído pelas
pessoas em quem depositamos total confiança.
É o sentimento
que de se sentir abandonado porque os pais a abandonaram.
Quantas
pessoas me disseram que eles não ficariam tão tristes se a mãe tivesse morrido,
mas estão com raiva, guardaram raiva da mãe, porque viram que elas só tinham
três anos quando foram deixadas sozinhas pela mãe. É o ferimento da solidão, de,
acima de tudo, do sentimento de ser abandonado até mesmo por Deus...
( fim da primeira parte )
(segunda parte em transcrição @ 27/10/2013 - concluída em 10/11/2013)
Passo a passo para a
cura
(segunda parte)
Por Padre Rufus Pereira
Tradução simultânea
Vinícius Adamo
Adaptação Carlos Sadao
Gushiken
... de todos esses países que tenho andado, qual que é, com frequência, o
maior ferimento do ser humano? Mesmo quando a gente dá retiros para a
juventude, e eu pergunto para qualquer um deles, "Diga-me o que te feriu
mais", eles, com frequência, vão dizer, "Ah, o meu pai não me
ama".
E tenho visto também que o maior ferimento nas famílias católicas no
mundo inteiro é ter um pai que é alcoólatra, que é violento, que aterroriza a
mãe e a crianças, e é irresponsável, até ao ponto de deixar a família por outra
mulher.
Então eu vejo que o maior sentimento, o maior problema que as pessoas têm
em seus corações é o ferimento de se sentir rejeitado.
E isso pode ser até mesmo de coisas muito pequenas.
Caso: O pequeno
primeiro anista
Fonte: Passo a passo para a cura
(2000)
Eu estava dando um programa na Índia, e eu estava hospedado na casa de um
famoso médico. Sua esposa também era médica, ambos são líderes carismáticos
daquela região. Eu estava na mesa tendo um jantar com eles, e batendo papo com
a família. E perguntei para o filho mais jovem, talvez de cinco ou seis anos e
eu perguntei "Que série você está?”
Mas antes dele falar o pai falou, “Ele está na segunda série”. E então o
garotinho se virou para o pai e falou “Pai, eu estou na primeira série”. O pai
ficou um pouco embaraçado e mudou de conversa. Mas depois de cinco minutos o
menino disse de novo. “Pai, eu estou na primeira série”.
Caso: O 12 filhos, 12
faculdades
Fonte: Passo a passo para a cura
(2000)
Em outra ocasião um jovem veio me ver, ele estava casado e com crianças
pequenas, ele estava fazendo um retiro e eu perguntei de seus problemas. E ele,
para minha surpresa, disse “O meu pai não me ama”. Mas eu pensei “Mas o que
mais um pai pode fazer para as crianças? Era uma família grande, de doze
crianças. Todas as crianças estudaram até a faculdade, umas estudaram no
exterior alguns com duas graduações, todos têm casa, carro, o que precisam...”
o seu pai era um homem muito importante na Índia, era um político importante na
sociedade, na igreja, obviamente muito rico.
Então eu disse para esse homem, “Me dê pelo menos uma razão para dizer
que o seu pai não te ama”. E ele me disse “Bom, o meu pai nunca soube certo em
que série que cada um de nós estávamos”.
Esse pai estava tão ocupado dando aos seus filhos tudo, exceto atenção,
ele não sabia nem mesmo em que classe eles estavam estudando.
Caso: Adultério
Fonte: Passo a passo para a cura (2000)
Quando eu fiz retiros para casais, uma senhora me disse. Ela teve um
relacionamento errado, infelizmente, e eu sei que ela é uma mulher é muito boa,
e ela me disse, “Padre a razão pela qual eu acabei caindo numa relação errada,
é porque eu estava precisando de coisas do meu marido que eu nunca tive”. - E
eu me lembro de uma delas dizendo - “Padre, tudo o que eu precisava ter do meu
marido era um pouco de compreensão, atenção e carinho” e eu não consegui obter
isso dele, consegui de outra pessoa”.
Eu tenho visto que no relacionamento marido e mulher é o que a mulher
precisa, atenção, compreensão e carinho.
Caso: A maldição de
geração para geração
Fonte: Passo a passo para a cura (2000)
Eu estava dando um retiro para viúvas, e havia círculos de partilha de
cinco pessoas.
E então de um grupo desses me veio a informação, elas disseram assim, que
todas eram viúvas, partilhando entre elas, que todas elas tinham um mesmo
problema, que cada um dos nossos filhos mais velhos é alcoólatra, que cada um
desses filhos mais velhos não demonstrava nenhum carinho ou cuidado com os seus
filhos.
“Então nós percebemos, nós cinco, que os nossos amigos maridos eram
alcoólatras e eles não partilharam nenhum carinho ou amizade com os filhos”.
Então você percebe como o comportamento vai passando de geração para
geração.
1 Sentimento de
rejeição
Portanto o primeiro sentimento é o de rejeição. Nós vamos voltar a esse
sentimento por esses dias. Mas vamos para o seguindo o ferimento.
2 Sentimento de culpa
O segundo é o fardo da culpa e como ela vem até a minha vida? Vem quando,
de um lado sou criado numa família excessivamente religiosa, mas religiosa de
maneira incorreta, quando Deus foi colocado para mim como um Deus de fogo e de
tempestade, não me dando nenhuma chance de explicação.
Talvez a minha mãe tenha me ensinado que algumas coisas são pecado quando
não são, de fato, porque ela queria que eu sentisse bem.
Com frequência as mães Irão dizer a suas filhas, principalmente nos
países de terceiro mundo, ou talvez em países excessivamente católicos e
fervorosos, que é um pecado mortal beijar um rapaz. Então as meninas crescem
com um sentimento tremendo de culpa, e pode ser que na sua história, essa
pessoa pode ser levada a fazer alguma coisa, e mais tarde ela vai perceber que
foi um grande pecado tarde demais.
Infelizmente aquilo pode se tornar uma coisa compulsiva na sua vida, e
esse histórico religioso errado vai fazer com que ela se sinta culpada.
Existe o sentimento de culpa, mas existe também o sentimento errado de
culpa, que pode vir de uma moralidade errada. E isso pode se transformar num
câncer, por exemplo, um câncer, que vai afetar até mesmo padres e freiras.
A Bíblia diz que não quer que nenhum de nós viva sob o fardo da culpa. No
apocalipse nós vemos que Satanás nos acusa diante de Deus dia e noite, então
nós temos um outro título para Satanás. Ele é “o Acusador”. Ele está o tempo
todo nos acusando de coisas que nem fizemos, e você sabe que uma das coisas
piores quando somos crianças é ser acusado de alguma coisa que nem fizemos.
Eu estava dando um retiro de um seminário e seminarista veio a mim e
estava dizendo que quando era criança, amava o meu pai demais. Mas meu pai era
severo demais, e uma vez o seu pai o puniu por alguma coisa que ele não tinha
feito. E o seu pai o puniu severamente. A partir daquele dia a cada noite ele
sonhava com aquilo que tinha acontecido. E ele chorava enquanto sonhava, “Pai,
não me basta, não me bata”. Então, uma carga que trazemos, essa carga de trazer
culpa por algo que nós não fomos culpados. Mas o que a Bíblia diz do outro
lado, na Carta aos Romanos? Nós lemos que “em Cristo não há condenação”. A Bíblia
diz literalmente que Jesus veio não para condenar, mas para salvar.
Então esse sentimento errado de culpa certamente não vem de Deus, vem do
maligno. Então o Senhor quer que nós sejamos curados profundamente desse
sentimento de culpa que não é verdadeiro.
Caso: O velho padre e
a meritocracia
Fonte: Passo a passo para a cura (2000)
Uma vez eu estava rezando por um padre, era um padre que estava
aposentado e já de idade, estava no asilo para idosos. E aí ele pediu que eu
fosse rezar por ele, era um padre famoso, um grande pregador. Eu fiquei
imaginando, "Por que é que ele está chamando por mim?" Então eu
percebi que ele tinha um grande fardo de culpa. Ele tinha certeza que quando
ele morresse seria levado para o inferno. E ele tinha sido o meu pároco quando
eu era garoto. Ele era um bom padre, e ali estava ele sob aquele fardo da culpa
e eu comecei a falar com ele sobre Jesus, como Deus nos ama e nos perdoa, mas
ele não ouvia o que eu estava dizendo. “Você está falando de uma forma genérica,
diga-me como é que eu posso obter mérito para alcançar o Paraíso?” É o
pensamento de uma escola de espiritualidade de que para ir para o Ceu era
necessário obter méritos, então você poderia ir para o Ceu se tivesse méritos.
E era isso que ele estava me dizendo, como ele deveria conseguir mais
méritos para ir para o Ceu? Ele estava convencido que ele iria para o Inferno
porque não tinha méritos suficientes. Eu tentei ajudá-lo mas eu não fui capaz.
Morreu três dias depois, mas eu tenho certeza que ele está com o Senhor. Mas eu
nunca me esqueci desse padre tão famoso e mesmo importante, mesmo assim, com
esse fardo de culpa no final da sua vida.
3 Sentimento de
Inferioridade
O terceiro fardo é o fardo dos sentimentos de inferioridade. Como obtemos
esses sentimentos de inferioridade? Quando uma criança nasce, ela é levada a
ter somente sentimento de superioridade, e isso porque todos fazem festa para ela.
As pessoas lhe dão muita atenção e o bebê se torna o centro da casa. Mas, aos
poucos, quando o bebê vai crescendo, as pessoas começam a acostumar com aquele
bebê, e ela é deixada um pouco de lado.
Um dia talvez o pai possa querer dizer que talvez aquele que criança não
seja uma boa criança, talvez o professor da escola vá dizer que ele não seja tão
inteligente como seu irmão mais velho, e devagar, ela vai começar a ter uma
imagem empobrecida de si mesma, ela acaba tendo isso por causa de certas coisas
que escutamos.
Então vem o sentimento de autopiedade, você começa a ter pena de si
mesmo, vem o sentimento de amargura e você acaba odiando a si mesmo, e a pessoa
acaba terminando com um sentimento de autodestruição, de suicídio.
O suicídio é um último estágio de um longo processo que começa desse
sentimento de autopiedade.
E o que a Bíblia diz? A Bíblia diz que o Senhor não quer que nenhum de
nós tem uma imagem pobre de nós próprios. E desde o primeiro capítulo que nós
lemos, em Genesis 1,6, que Deus nos criou à sua imagem, então nós não podemos
ter uma imagem pobre de nós mesmos, porque Deus nos vê como reflexo d’ Ele,
mesmo. Então não há lugar neste mundo para ninguém que tenha uma imagem pobre
de si mesmo. E também no Gênesis também está escrito que Deus disse que tudo o
que ele fez era bom, mas, especialmente, quando o fez o Homem, Deus disse que
era muito bom. Então esse sentimento de inferioridade pode ser extremamente
destrutivo em sua vida toda.
Caso: A freira e seu
sentimento de inferioridade
Fonte: Passo a passo para a cura (2000)
Eu estava dando um retiro para as freiras e a madre superiora ver a
mandou uma irmã para receber um aconselhamento comigo e receber oração. Pertencia
à mesma congregação das irmãs que estavam fazendo retiro, mas ela não estava no
retiro, ela foi enviada somente para receber oração. Depois de ouvi-la, mandei
uma palavra para a madre geral, que “essa irmã tinha que fazer um bom retiro de
cura interior o mais rápido possível, porque eu tinha medo que ela cometesse
suicídio”. Dois meses depois havia um retiro para padres, de um padre que
trabalha comigo, e no começo do retiro ele falou para irmãs que esse retiro foi
pensado para irmãs mais velhas, e essa era uma irmã muito nova para participar
do retiro. E a madre superiora mandou essa irmã para fazer esse retiro, então o
padre que ia dar um retiro recusou essa irmã por ser mais nova. E ela não foi
admitida no retiro.
Na manhã seguinte eles encontraram o corpo dela pendurada, enforcada numa
árvore em frente à capela da casa de retiros. O que a levou a esse passo
extremo? Ela pertencia a uma das partes famílias mais famosas daquela parte da
Índia, ela vinha de uma família adorável. Ela entrou para o convento quando
muito jovem, com catorze ou quinze anos, e depois de seus primeiros votos,
todas as noviças foram para casa para celebrar com a família. Então ela foi
para a sua casa, e ela encontrou as coisas um pouco diferentes.
Já haviam passado dois ou três anos desde que ela deixara sua casa, e, ao
mesmo tempo, tinha havido muitos desentendimentos na sua família. Havia
disputas entre a família. Quando ela chegou em casa, eles nem lhe deram atenção,
estavam preocupados com outros problemas. Ela se sentiu só, e ela percebeu como
a sua família estava diferente de alguns anos atrás. Então, quando ela voltou
ao convento, depois de uma semana, todas as suas colegas noviças tinham
histórias maravilhosas para contar, mas ela não tinha nada para dizer. E quando
ela me disse tudo isso, dois meses antes, eu percebi que ao menos que ela
recebesse uma cura interior profunda, talvez ela fosse cometer suicídio, e isso
infelizmente acabou acontecendo.
Portanto, o terceiro fardo que nós carregamos é esse sentimento de
inferioridade, que com frequência pode nos levar às consequências fatais do
suicídio.
4 Sentimento de medo
O quarto peso é o peso dos medos, todos nós temos medos. Mas eu não estou
falando de pequenos medos. Se você estourar uma bombinha atrás de mim eu vou
dar um pulo, mas esse não é um medo a ser curado, trata-se apenas de uma reação.
Os medos aos que estou me referindo são aqueles medos que paralisam uma pessoa,
e o medo até mesmo atingiu a Jesus na Bíblia. É o medo da escuridão, é o medo
de espíritos do mal, é o medo de estar sozinho, é o medo da morte, é o medo de
contrair câncer ou Aids, e tantos outros. Não é assim, uma questão que é algo
psicológico, a Bíblia fala bastante sobre os medos. A Bíblia diz claramente que
nenhum de nós viva com medo. Cada vez que Jesus aparece para o seu povo, as
suas primeiras palavras com frequência são "Não tenha medo, não
temais", e o anjo Gabriel falou a mesma coisa para Maria, Jesus falou a
mesma coisa para os apóstolos. Por quê?
Porque o medo e a fé não podem conviver. Se você tem fé de verdade, o
medo não pode coexistir. Se você tem medo, é um sinal de que você não tem uma
boa fé. A Bíblia diz que o amor perfeito significa a fé perfeita, e ela remove
o medo.
Alguém contou na Bíblia que tem trezentos e sessenta e seis vezes que na Bíblia
aparece a Palavra “não tenha medo”, presente sessenta e cinco vezes, uma vez
por dia no ano. Mas mesmo quando você escuta a Palavra coisas acontecem.
Caso: O medo no
convento
Fonte: Passo a passo para a cura (2000)
Eu estava dando um retiro para as irmãs, desculpe estar mencionando a
toda hora e irmãs, mas é uma história que não é só para irmãs, é para todo
mundo.
É que estou vendo um grupo de irmãs logo ali.
Então eu vou estar contando histórias também de padres e não só de as
irmãs. (risos)
Então eu estava dando um retiro e cada irmã que vinha falar comigo só
tinha um problema. E qual era esse problema? Elas tinham muito medo da madre
superiora. (risos)
Não era um medo pequeno, você poderia ver na face delas que elas se
encontravam paralisadas pelo medo.
Eu pensei "Espero que a madre superiora venha também", "Eu
vou fazer com que ela saiba desse problema, porque é um problema da
comunidade".
E, no último dia, ela veio para fazer aconselhamento, e o que ela me
disse? Ela me disse que tinha medo de todas as irmãs. (risos)
Muitas pessoas podem dizer que não estão acreditando nas minhas
histórias, que elas parecem muito incríveis. Imagine só essa comunidade, com
todas as irmãs com medo de superiora e a madre superiora com medo de todas as
irmãs. Nesse caso, quem está feliz? Satanás está feliz. Porque ele está fazendo
bem o trabalho dele.
Quando uma jovem me fala aqui está com medo de seu pai, eu frequentemente
sou tentado a dizer a ela "Sabe? O seu pai tem medo mais medo é de
você".
Caso: O padre
valentão
Fonte: Passo a passo para a cura (2000)
Frequentemente a gente esconde os nossos medos tentando se mostrar
corajoso. Eu estava em uma certa paróquia. Havia o padre dessa paróquia, era o
homem que mais fazer tremer os outros, ele não tinha medo de ninguém. Era alto
e forte, o seu rosto inspirava medo nos outros.
Na casa paroquial o sacristão era trocado com frequência porque todos
tinham medo dele. Até mesmo os coroinhas tinham medo dele. Se algum coroinha
dissesse “Louvado seja o Senhor”, ele pegava o coroinha ele ia dar um croque
nele, porque ele era anticarismático. Se havia uma briga na rua, ele ia ser o
primeiro a separar a briga, e as pessoas diziam, “Calma, padre que você vai se
machucar”, mas ele não tinha medo. Certa noite ele veio à minha sala, de meia-noite,
fechou a porta, eu pensei: “O que ele vai fazer comigo?” (riso) porque eu
também tinha medo deles.
Então ele sentou ele me disse: “Rufus, sabe, eu não tenho conseguido
dormir bem”. E eu sabia. Às vezes, ele dizia na mesa, “Essa noite eu só
consegui dormir à meia-noite, eu só consegui dormir à uma hora...” e eu não
sabia o motivo.
Ele disse: “Rufus, toda noite, antes de ir para a cama, eu olho debaixo
da cama para ver se não tem ninguém escondido lá. (risos) Então eu abro as gavetas e o meu guarda-roupa,
para ver se não tem ninguém escondido lá. Se tem algum espaço entre a parede e o
guarda-roupa, dez ou vinte centímetros, eu olho para ver se tem alguém
escondido”.
Ele fez um pequeno buraco em sua porta para que quando alguém batesse na
porta, ele pudesse olhar para ver quem era antes de abrir a porta. Se ele ia
sair de seu quarto, para o corredor, mesmo por alguns minutos, ele voltava para
o quarto, trancava o quarto e fazia novamente toda essa busca, para saber se alguém
tinha entrado no quarto. E eu pensava que ele era o homem mais destemido que eu
tinha conhecido. (risos)
Mas aos poucos ele foi aumentado de todos esses medos, e a razão para mim
depois foi ficando muito clara. Seu pai e seu irmão, morreram de repente e
violentamente. E esse era a causa desse medo atroz. E, quando eu rezei por isso,
os seus medos todos desapareceram.
Essa é a razão pela qual estamos sempre sobrecarregados com esse tipo de
medo com frequência, e dizemos que são medos sem nome. Por isso o salmista diz
"Eu clamei ao Senhor e Ele me respondeu e me libertou de todos os meus medos".
Portanto esses são os quatro ferimentos, pesos emocionais que nós temos.
Mas, antes que nós terminamos o dia, eu vou lhes dar o terceiro passo.
Terceiro passo: As
causas-raiz
Vá além do problema e encontre as causas raiz. Vá além da doença e
encontre a origem da doença.
Essa é a questão mais importante de todo o processo da cura interior: “Encontrar
as causas-raiz dos seus problemas”.
Quando eu vou para um médico com sintomas, como eu lhes disse, ele não
vai parar nos sintomas, ele vai encontrar a doença. E como ele vai curar a sua
doença? Na moderna medicina, dando um antibiótico por exemplo, para tratar
desses germes, bactérias que são invisíveis.
Da mesma forma, nós precisamos trazer ao Senhor não só o sintoma, nem
mesmo os problemas emocionais, mas os vírus emocionais que estão profundamente
me afetando. Pode até ser que eu tenha me esquecido porque estão tão profundos,
que até se tornaram parte da minha personalidade, e é isso que eu tenho que
fazer.
Com frequência pode ser alguma coisa muito pequena, alguma palavra,
alguma pequena experiência, um pequeno incidente, mas que é que causou o início
de todos os meus problemas. Então eu tenho que trazer essa causa profunda para
o Senhor.
A causa-raiz é tão importante, que eu nunca vi ninguém ser curado
enquanto as causas profundas não tinham sido trazidas para o Senhor. Todos os casos
que a causa-raiz foi trazida para o Senhor, mesmo com outras coisas estando lá,
o Senhor curou as pessoas.
Portanto, para terminar, são duas as coisas que precisam ser feitas com relação
às causas-raiz. O que eu devo saber sobre as causas-raiz? Por que é que é
importante trazer essas causas-raiz para isso para serem curadas? E, em segundo
lugar, como encontrar essas causas-raiz?
Eu vou falar sobre elas amanhã cedo, mas é bom que você vá se preparando.
Então vou citar de forma breve, falando o que eu vou dizer amanhã. Para
encontrar as causas profundas de seu problema, você precisa fazer duas coisas.
Você precisa rezar ao Espírito Santo, e o Espírito Santo vai revelar a você as causas
profundas do seu problema de uma maneira incrível.
E, em segundo lugar, eu quero que você reflita sobre a sua própria vida,
eu quero que você faça uma reflexão sobre os quatro estágios da sua vida. Primeiro
no estágio da minha árvore de família, no segundo estágio, nos nove meses da
minha gestação, no terceiro estágio da minha infância e da minha meninice e da
minha juventude, e o quarto estágio, a minha vida adulta, presente. Se uma
árvore é pequena, mesmo que ela seja alta, se ela tem uma raiz pequena, é fácil
arrancar aquela árvore. Agora, supondo que ela tenha uma raiz enorme, cada raiz
tem mais de um quilômetro, então você vai perceber o quanto é difícil tirar
essa árvore, arrancar essa árvore.
Por isso que em muitos casos as raízes são muitas e profundas, e exige
tempo e muita ajuda do Espírito Santo para trazer tudo isso para fora.
Mas lembre-se que Jesus disse “Venha a mim todos aqueles que estão com um
fardo pesado e eu vou lhes dar descanso”. “Descanso”, na Bíblia, significa a “cura
completa”, “vida em plenitude”. Jesus disse “Eu vou lhes dar cura”. Ninguém
mais, , Jesus veio a mim e a ninguém mais.
E Jesus continua dizendo, “Tomem sobre vocês o meu fardo”. Qual é o fardo
de Jesus? Como ele diz, é fácil e leve, o fardo de orar ao Espírito Santo, o
fardo de refletir sobre todas coisas na sua vida. É o fardo de louvar ao Senhor
por todos seus problemas e machucados, é o fardo do arrependimento de todas as
coisas erradas que você fez, é o fardo de você perdoar todas as pessoas que lhe
feriram, a renúncia às práticas ocultas que você fez. Então Jesus conclui, “E
então você vai encontrar descanso para a sua alma. Eu lhe darei esse descanso.
Mas você precisa encontrar, descobrir e experimentar”.
Louvado seja o Senhor! (aplausos)